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O discurso mítico de narrativas contemporâneas: uma leitura do filme 2001: Uma odisseia no espaço



















Autor: Paulo Emílio de Paiva Bonillo Fernandes
Tipo de produção: Produção científica
Classificação: Dissertação/Tese
Data: 24/10/2016

Resumo


Compreender a ciência da comunicação como uma ciência da cultura faz com que a análise em profundidade de textos culturais seja uma tarefa do comunicólogo. Para tanto, a Comunicação pode se valer de um diálogo com a Teoria do Imaginário de Gilbert Durand, que propõe a dinâmica do Imaginário como instância de formação das representações e das imagens primeiras a partir das quais se constroem os discursos que circulam socialmente. O mito, como primeira elaboração narrativa dessas representações, guarda, assim, relações com outros registros discursivos que configuram o terreno das tensões sociais. Com o propósito de investigar os discursos característicos da contemporaneidade, propõe-se que se investigue o cinema de ficção científica, uma vez que o cinema é uma linguagem artística moderna, e a ficção científica, por sua vez, configura uma espécie de léxico narrativo que se organiza em torno de aspectos e preocupações do mundo contemporâneo. A ficção científica é vista, portanto, como novo palco onde as incessantes figuras e símbolos míticos podem atuar. Depois de devidamente fundamentada a pertinência de um tal olhar para a ficção científica, a leitura de inspiração mitocrítica do filme 2001: Uma odisseia no espaço, obra assinada por um dos grandes diretores da história do cinema, e uma das mais memoráveis da história da ficção científica, evidenciará os eixos significativos que animam a obra. Uma vez que se constatou a valorização de símbolos próprios ao Regime Noturno do Imaginário, isto é, símbolos da intimidade, da descida às profundezas, do mistério, da integração, em oposição a símbolos da ascensão, do triunfo, da separação, pode-se confrontar este resultado com as considerações de Gilbert Durand acerca dos dois grandes mitos diretores do século XIX — que se prolongam pelo século XX também —, para dizer, então, que o filme se alinha ao imaginário do decadentismo. Mostra-se, portanto, que o mito não existe contemporaneamente apenas como mera reminiscência, mas como presença, detectável nas práticas midiáticas contemporâneas.


Palavras-chave: Comunicação; Imaginário; Mito; Cinema; 2001: uma odisseia no espaço.