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O espetáculo da violência no telejornal sensacionalista: uma análise do “Brasil Urgente”



















Autor: Jaime Carlos Patias
Tipo de produção: Produção científica
Classificação: Dissertação/Tese
Data: 11/05/2005

Resumo


Um dos grandes desafios da comunicação na sociedade atual, em que os conglomerados financeiros controlam cada vez mais a mídia, é o de preservar a autêntica vocação do jornalismo: garantir o direito à liberdade de expressão e informação baseada na verdade e objetividade, visando esclarecer os cidadãos e incentivar a cidadania. O jornalismo tido como sério não é o único noticiário a ocupar a programação televisiva brasileira. Temos outro gênero usualmente conhecido como sensacionalista, no qual a violência domina grande parte das reportagens e cuja forma se distingue do jornalismo comum. O presente estudo faz uma análise crítica do conteúdo, forma e estilo do telejornal sensacionalista que noticia a violência, o crime e as mazelas vividos pela população da Grande São Paulo, utilizando imagens e linguagem características do espetáculo. A análise se baseia em matérias do programa “Brasil Urgente”, produzido e exibido pela TV Bandeirantes. Auxiliada por helicópteros, motolinks e repórteres nas ruas, a produção apresenta os fatos ao vivo, com riqueza de detalhes e forte apelo emocional, visando prender a atenção do público. O gênero estabelece uma comunicação baseada no chocante, no faitdivers, no anormal que cria grande expectativa, mas que perde o seu impacto inicial logo que a história é mostrada e consumida pelo telespectador. O estudo considera o gênero sensacionalista um produto da indústria cultural e da sociedade do espetáculo, que se renova continua mente para se adaptar à lógica mercantil. Essa  idéia é reforçada pela constante fusão da notícia com a publicidade de mercadorias,mas também pela venda de soluções de fácil consumo, chegando a explorar até mesmo o desejo que a sociedade tem de acabar com a violência. A população sente que já não pode mais contar somente com o trabalho das instituições legítimas para resolver seus problemas. Ante a ineficiência do sistema judiciário e do Estado na administração de crises, abre-se a possibilidade para o surgimento de outros mecanismos, como os telejornais sensacionalistas. Quanto ao referencial teórico, o trabalho se apóia na crítica de Theodor Adorno e Max Horkheimer evocando o conceito de indústria cultural, nos pressupostos de Guy Debord sobre a sociedade do espetáculo e no pensamento de René Girard acerca da violência e dos mecanismos de controle. Outros autores da área da comunicação são igualmente visitados.