A má interpretação da informação é frequente na história. Não são poucos os casos em que a visão distorcida dos fatos soma-se à ignorância contextual gerando confusão e polêmica. Este é um pensamento importante para a compreensão de grande parte da palestra sobre “A Profissão de Relações Públicas e a Ditadura Militar”, realizada no teatro da Faculdade Cásper Líbero na noite de 2 de abril de 2014.
Para explicar de forma detalhada o processo de construção da comunicação entre governo e população durante o regime militar, foram convidados dois profissionais que atuaram no ramo durante o período e que são hoje reconhecidos por sua trajetória. Os convidados foram Carlos Eduardo Mestieri, autor do livro Relações Públicas: A Arte de Harmonizar Expectativas, e Eliasar de Oliveira Almeida, ex-chefe do setor de comunicação social do Exército em São Paulo.
Ambos apresentaram-se diante dos alunos da Faculdade Cásper Líbero compartilhando e explicando suas experiências e pontos de vista sobre a profissão no contexto em que era abordada. Carlos Eduardo Mestieri optou por uma abordagem de caráter pessoal baseada em suas experiências diretas com Relações Públicas, enquanto Eliasar de Oliveira Almeida abordou o mesmo assunto de forma histórico-cronológica.
Apontados e explicados os conceitos fundamentais dos palestrantes, a palavra passou à plateia. Deste momento em diante a palestra tornou-se um debate produtivo, seguindo o esquema de perguntas e respostas diretas, todas realizadas em seguida. As questões foram levantadas por alunos que estudam Relações Públicas na Faculdade Cásper Líbero e abrangeram desde o campo da ética profissional até o da técnica utilizada nos diferentes regimes, que, como lembra Mestieri “nunca mudou, exceto pela inserção da internet nas relações de mercado”. A questão moral é que recebe, na verdade, grande importância, como mostrado logo na segunda questão: “O surgimento de Relações Públicas foi uma ferramenta para a manipulação da opinião pública?” Mestieri responde de forma objetiva ao negar qualquer ligação entre o surgimento da profissão e a ditadura, “Eu mesmo comecei a atuar na área antes da revolução de 1964″.
Complementando a resposta, o professor Eliasar lembra a plateia de que, “”a profissão completa, em breve, 100 anos de existência. O que houve durante o período foi a regularização de Relações Públicas, não sua criação”. Em outra pergunta: “Em que momento a informação torna-se comunicação?” E a resposta foi: “No momento em que há interpretação e resposta, ou seja, a informação compõe a comunicação, mas não é seu único elemento”, concluiu Eliasar.