Foi com muitas brincadeiras e piadas que Tiago Duarte me recebeu para essa entrevista. Com apenas 19 anos, o jovem de Santo André já está conquistando seu espaço na internet com muito bom humor e criatividade.
Apesar de estar prestes a começar a faculdade de engenharia, quem conhece Tiago sabe que ele nasceu para o mundo do entretenimento e da comédia. Tentou fazer sucesso com os vlogs (blog em vídeo), mas, assim que sua câmera quebrou, ele não teve mais como investir neles. Tiago encontrou seu público ao tentar uma proposta nova: se aproveitou da fama que a Sessão da Tarde, da Rede Globo, tem na internet de passar apenas filmes ruins e apresentá-los da forma mais bizarra possível, e imaginou como séries famosas (como The Walking Dead e Game of Thrones) seriam apresentadas no quadro. Assim, ganhou mais de 300.000 visualizações em seu canal: um número que cresce a cada dia.
Além das Sessões da Tarde, Tiago investiu em “documentários” que tratam, de maneira cômica, temas que estão em alta hoje em dia. A Copa do Mundo, por exemplo, é um dos vídeos de maior sucesso.
É bom ficar de olho no garoto: ele está sempre com uma proposta nova e disposto a trabalhar para conseguir conquistar um público ainda maior através de sua veia cômica, e nos contou como pretende fazer isso em uma entrevista totalmente descontraída.
Entrevistadora: Primeiramente, como e quando você começou a fazer vídeos?
Tiago Duarte: Tudo começou em 2008. Eu e outro amigo passávamos o dia assistindo a vídeos no youtube e ficamos com vontade de fazer também, mas só por diversão. Começamos fazendo redublagens de filmes, não era nada profissional, mas nossos pais e amigos gostaram. Nós nos divertimos muito fazendo e ficamos animados para fazer mais vídeos. Infelizmente, começaram a surgir mais coisas na vida, aí a vontade de fazer os vídeos foi esfriando e demos uma pausa.
E: Mas, um tempo depois, você volta a fazer vídeos junto com a explosão dos vlogs na internet e, agora, você faz os documentários e as famosas Sessões da Tarde. Como foi essa transição?
TD: Essa transição se deu muito na questão do que eu achava engraçado, do que eu interpretava como interessante e do próprio amadurecimento de uma criança para um adolescente. Antes eu tinha outras ideias, outra mentalidade. Até meu senso de humor era diferente. Hoje, eu penso um pouco antes de fazer um vídeo, me dedico mais e tenho vontade de fazer algo bem feito para o meu público.
E: Qual a maior dificuldade que você encontra ao fazer os novos vídeos?
TD: Escrever, por exemplo, é uma coisa muito ondulatória. Já escrevi textos em questão de minutos, mas também já demorei dias para conseguir colocar uma ideia no papel, mas isso faz parte do processo criativo. Uma coisa que dá muito trabalho também é encontrar as imagens. Como estou sem câmera, meus vídeos são todos feitos com imagens da internet. Os vídeos da Sessão da Tarde são feitos com imagens das próprias séries, então é mais tranquilo, porque é mais focado, mas os documentários levam muito tempo. Preciso pesquisar imagens de cada detalhe que é mencionado no vídeo. Sou meio perfeccionista nessa questão, então tenho que baixar o vídeo de cada frase, o que demora, e ainda editar, colocar legenda, dá muito trabalho, mas, no final, compensa.
E: Os vídeos compensam financeiramente também? Você ganha algum dinheiro com eles?
TD: Eu não fiz diretamente pensando no dinheiro, confesso que pensei um pouco sim, mas se eu produzisse as coisas apenas pelo dinheiro ia acabar me frustrando. Eu me foquei em fazer coisas que eu gostava e que me divertia fazendo. Com o crescimento, foi aparecendo um lucro que não é exorbitante, mas me agrada. É algo pequeno, mas como eu estou recebendo por estar me divertindo, é algo que me satisfaz bastante.
E: Como você se sentiu ao perceber que os vídeos começaram a fazer sucesso?
T: Eu me senti muito gratificado. Eu tentava fazer sem esperar muito, era mais pela questão de divertir meus amigos e divertir quem assista, mas sempre quis ter um retorno maior. Quando esse retorno começou a vir, as pessoas comentavam e falavam que queriam mais, isso foi gratificante e motivador para eu continuar fazendo os vídeos. Eu percebo que o pessoal que agora está inscrito no meu canal está querendo mais vídeos, eles pedem mais. Eu tenho um público e fico feliz de poder divertir as pessoas. Quanto mais pessoas, melhor.
E: Por que você acha que esses vídeos fizeram mais sucesso que suas tentativas anteriores?
TD: Eu acho que foi porque eu aprendi a visualizar um pouco melhor como funciona o youtube. Antes, eu postava os vídeos lá e simplesmente deixava para ver se as pessoas assistiriam. O máximo que eu fazia era divulgar nas minhas redes sociais, mas eu percebi que a divulgação é muito importante, ela precisa ser contínua e focada. Quando fiz o vídeo do The Walking Dead, tive que divulgar nas páginas de The Walking Dead. Percebi que a divulgação precisa de foco, então quando eu soube onde divulgar, o público certo pôde me encontrar.
E: Quais são suas inspirações?
TD: Eu me inspiro bastante nos humoristas que eu mais gosto, como Rafinha Bastos, Danilo Gentili e alguns do exterior como George Carlin, Louis C.K., entre outros, que fazem stand-ups. Cada um tem um estilo, cada um aborda os temas do seu jeito e sabem atingir o público deles. Também me inspiro em muitos youtubers. Gosto do Izzy Nobre, do Chico Rezende, do canal Porta dos Fundos e do Nostalgia, mas assisto bem mais vídeos do exterior, como Finebros, VSauce, Jennxpenn, Smosh, Ray William Johnson, são muitos! Mas a minha maior inspiração é o gênio do Youtube, Pewdiepie! Ele é sincero, original, apoia projetos sociais bacanas. Eu o vejo como um youtuber completo: produz um ótimo material e consegue ajudar os outros com o trabalho dele, não é à toa que é a pessoa com mais inscritos do youtube: 26 milhões.
E: O que você mais gosta e menos gosta na hora de produzir os vídeos?
TD: Isso é meio ambíguo, porque o que eu mais gosto é o que eu menos gosto (Risos.). Eu gosto muito da parte criativa: criar, desenvolver coisas e piadas minhas, coisas que eu sei que divertem as pessoas e é original, mas é a parte mais difícil também. Eu não gosto quando fico empacado na hora de escrever, mas eu gosto um pouco da dificuldade também. Uma coisa que eu não gostava e aprendi a gostar era a edição. Antes dava muito trabalho, agora eu já me acostumei e faz parte do processo criativo.
E: Quais são seus projetos futuros?
TD: Eu pretendo, com o dinheiro que estou ganhando com os vídeos, comprar uma câmera legal. Só estou fazendo as edições com imagens encontradas na internet porque não tenho uma câmera, utilizo só meu áudio e texto. Quero produzir mais coisas, como entrevistas, esquetes e performances na rua, porque gosto bastante de coisas improvisadas. Atualmente, fui chamado para outros projetos com o grupo de teatro que eu faço, mas o futuro é incerto, pois a cada minuto estou querendo criar algo novo.
E: Apesar de estar prestes a começar o curso de engenharia, você pretende continuar com os vídeos?
TD: Realmente, acabei de entrar na faculdade de engenharia, mas gosto muito da parte de produção audiovisual e criação, então pretendo conciliar o máximo possível dessas duas coisas, que são minhas duas paixões. Como disse, o futuro é incerto, mas eu realmente espero poder continuar produzindo os vídeos, pois é uma das coisas que mais gosto de fazer.