Fábio Luiz Santos Riberio, mais conhecido como Binho Ribeiro, é grafiteiro por profissão, e já imprimiu sua arte no meio editorial e cinematográfico. Reconhecido mundialmente, também é editor da revista “Graffiti”, fez a cenografia do Skol Hip Rock, do Criança Esperança e do Coca Cola Vibe Zone. Com trânsito livre pelo mundo do design gráfico, ele vem imprimido sua marca em embalagens de Nescau e campanhas da Brasil Telecom.
Os seus traços também estão presentes no cinema, na cenografia dos filmes “5 Poison” (Japão, 2000), “Bicho de 7 cabeças” (Brasil, 2001), “O Magnata” (Brasil, 2006) e “Antônias” (Brasil, 2006).
Além do trabalho artístico, Binho fez parte da Frente Nacional de Hip Hop e da Comissão Estadual de Hip Hop. Como curador, trabalhou para eventos: Basement, Hutuz, Mural Tietê, 30h CPTM, Olhar Nascente, 1ª Bienal Internacional de Graffite em Belo Horizonte, Graffiti Fine Art no MUBE e a 2ª Bienal do Graffiti Fine Art.
Qual é sua formação?
Estudei até o segundo grau e tenho contato com a arte é desde criança. Quando tinha 12 anos, ganhei uma bolsa de estudo para cursar a Escola de Arte Cândido Portinari. Fiz vários cursos de pintura e desenho. Foi a partir daí que eu comecei a trabalhar com arte. Eu andava de skate e gostava de break e, com a chegada da cultura do hip hop as portas do grafite se abriram para mim.
Você teve alguma influência direta em sua obra?
Com 14 anos, trabalhei como desenhista no Estúdio Gastão Faria. Entre1984 e 1986 conheci outras pessoas com a mesma vibe e artistas como os Gêmeos e o Speto. Assim, comecei a pintar, e nessa época, nasceu o “marchand” de grafite que até então ninguém conhecia. Organizei campeonatos de break e cheguei a coordenar uma revista – paralelamente aos trabalhos de grafite -, também fiz textos e editorias para publicações nacionais e internacionais.
Jean-Michel Basquiat, nos EUA, e Alex Vallauri, no Brasil, podem ser considerados precursores do grafite?
São coisas diferentes. São artistas que usaram o espaço público para mostrar a sua arte (street art). Isso não é grafite. O grafite que veio do Brooklin, NY, influenciou bastante os artistas em São Paulo. Essa arte urbana tem uma forte ligação com a cultura hip hop, da década de 1980, recém-chegada à cidade de São Paulo e encontrou aqui os artistas como Gêmeos e Speto.
Qual é a marca do seu trabalho?
Tenho na construção do meu trabalho artístico dois momentos: o clássico, que tem afinidade com o universo do hip hop, skate e da rua (grafite); e outro surrealista, que vem dos meus sonhos que estão representados nas telas e campanhas que faço. Esse universo tem uma característica mais solta. A minha inspiração, no meu momento clássico, vem do dia a dia e a inspiração surreal decorre de um processo interno e fantasioso. Lembro que esses mundos não estão dissociados.
Você sofre preconceito por trabalhar com grafite?
O preconceito não está restrito ao grafite, e, sim, ao novo, ao desconhecido. A arte de rua é uma cultura nova, tem apenas 50 anos. Tudo tem o seu tempo de amadurecimento. O mesmo pode acontecer com músico, ator, poeta, enfim, o preconceito está em todas as áreas.
Qual seu próximo projeto?
Finalizei alguns painéis alusivos à Copa do Mundo e murais, mas meu projeto maior, que está em andamento, será a Bienal de Grafite que vai acontecer no Parque do Ibirapuera em 2015.
Ouça a entrevista:
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