A começar pelo título – sugestivo para uns, embaraçoso para outros –, o espetáculo Monólogos da vagina é um convite à reflexão sobre o universo feminino. De fato, a palavra “vagina” ainda constrange. Sob direção de Miguel Falabella, a peça é baseada no livro The vagina monologues, da autora americana Eve Ensler, colocando em evidência os conflitos que as mulheres têm com seu corpo em diferentes situações e fases da vida, como a primeira menstruação, o casamento e a velhice.
Há quinze anos, Eve estrelou na Broadway em The good body, um texto de sua autoria e como temática, o corpo feminino. Dois anos depois, coeditou “A Memory, a monologue, A rant and a prayer, uma antologia de textos sobre a violência contra as mulheres. Para Monólogos da vagina, a escritora tomou como base depoimentos de 200 mulheres de vários países, etnias e culturas.
Na montagem brasileira, as atrizes Maximiliana Reis, Cacau Melo e Rebeca Reis incorporam esses depoimentos às suas interpretações, que fazem este fenômeno mundial – produzido em mais de 150 países e traduzido para mais de 50 idiomas – arrancar lágrimas e gargalhadas numa mesma sessão. A proposta é mergulhar neste universo e resgatar a liberdade e dignidade da expressão feminina, retratando a sua interiorização, sua vida secreta, suas formas durante toda uma vida. “Monólogos da vagina” leva à reflexão e induz à transformação, numa sociedade que violenta a mulher em vários sentidos, enquanto ela luta pelos seus direitos e sua individualidade, assume seu corpo e seu prazer. Como diz Vera Setta, uma das produtoras da peça, a palavra “vagina não é uma jogada comercial. Assumir a vagina é assumir a condição da mulher”.