No dia 26 de março, a banda alemã Rammstein liberou o teaser de um vídeo de cerca de trinta segundos, em que os músicos apareciam com uniformes usados por prisioneiros judeus em campos de concentração, e com forcas ao redor de seus pescoços. Um som macabro pontuava a cena, que terminava com a palavra Deutschland (Alemanha). Era possível perceber que algo diferente estava a caminho, mesmo para uma banda cujo trabalho aposta na estética do choque. Em algumas horas, filósofos, escritores e entidades judaicas, além do público em geral, iniciaram uma discussão sobre se uma referência dessa natureza ao Holocausto não ultrapassaria os limites da liberdade de expressão.
Ao ver o clipe, o espectador é convidado a entrar em uma montanha russa, passando a toda velocidade pela história alemã. A era medieval, a Guerra Fria, o Holocausto, os anos 1970 – com as ações do grupo Baader Meinhof. Sobre todas essas ocorrências históricas, os músicos da Rammstein querem levar seus fãs a refletir. Deutschland é uma canção que não parece pertencer a nosso tempo tão superficial, explorando uma feição poética que escancara a dualidade alemã, percebida, mas raramente discutida há décadas, entre não somente aqueles que são capazes de se lembrar do Holocausto e reconhecer tamanha barbárie, como também os que lhe são favoráveis.
No fim das contas, um grito de desabafo do próprio espirito alemão.