Horácio parece uma peça de teatro gravada para o cinema. Com produção barata, limitada a um cenário reduzido (um apartamento antigo no Bixiga, ruas que margeiam o viaduto Costa e Silva e um cemitério na capital paulista), o filme narra a paixão platônica de um poderoso contrabandista, o protagonista, pelo seu capanga Milton, que é tarado por uma transexual que conheceu há pouco tempo pela Internet.
A fotografia de cores pálidas retrata o quão à margem do sistema vivem os personagens, interpretados por um elenco de qualidade mista, em que se destacam o experiente José Celso Martinez Correa, no papel-título, e o não tão expressivo Marcelo Drummond (Milton).
Sentimentos típicos da cidade grande, a solidão e o desamor parecem ser o elo entre os personagens bizarros deste roteiro sem nexo em que drama e comédia se misturam. As situações desmedidas surpreendem o público, que tem aí a oportunidade de assistir a atuações memoráveis, em especial de Zé Celso e Maria Luiza Mendonça, no papel da filha encarcerada do contrabandista. Um filme cuja marca é a entrega.