Exibido pela primeira vez no Brasil durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro do ano passado, o drama argentino El angel (O anjo, em português, 2018), conta a história real de Carlos Robledo Puch, interpretado por Lorenzo Ferro. Puch é um adolescente que se autodefinia como um “ladrão de nascimento” – a personagem cometeu mais de quarenta roubos e onze assassinatos na década de 1970.
Dirigido por Luis Ortega e produzido por Pedro Almodóvar, El angel tem como pano de fundo os golpes de Estado argentinos – responsáveis por desencadear seis ditaduras civil-militares no país durante o século 20. Em razão da fragilidade da democracia, é que se abriu a possibilidade para o surgimento de figuras como a de Puch.
Por puro prazer, Carlitos – como era chamado por seus amigos e familiares – invade propriedades privadas, rouba automóveis e até uma loja de projéteis somente como um hobby. Quando muda de escola por sugestão de seus pais e conhece seu futuro colega Ramón (Chino Darín), é que Carlitos entra em acordo com a criminalidade – e assume sua atração homoafetiva pelo amigo.
Como produção audiovisual, o longa-metragem não só apresenta qualidade na imagem das cenas retratadas, como também pode ser considerada merecedora de prestígio a caracterização das suas personagens. Entretanto, o diálogo que se estabelece entre seus pares é um ponto fraco do roteiro original, que merece ser melhor trabalhado.