Desconhecida do grande público, Agnès Varda fez de seu último filme, Varda por Agnès, uma autocontemplação de sua obra, por vezes livre de ordem cronológica, lançado agora, postumamente.
A artista visual, como deixa claro que gosta de ser chamada, analisa e critica os próprios trabalhos, levando o espectador-artista a questionar a essência deles, o modo como mundo deve ser visto e o padrão, mesmo no meio das artes, mais “aceitável” da forma. Forma esta que Agnès é especialista em destrinchar e reconstruir à sua maneira. Pelo processo de inspiração, criação e compartilhamento, ela mostra a realidade atravessada pela própria subjetividade.
Mesmo no final da vida, quando um problema de visão a acomete, ela se apropria dessa deficiência para convertê-la em arte. Um traço de sua personalidade criadora: transformar o banal em excepcional. Mostrar que a vida é efêmera e acaba através de uma tempestade de areia.