As maiores pontes de Nova York, entre elas a Verrazano Narrows, vários parques públicos, o Lincoln Center e a sede Mundial da ONU existem graças e ele. Robert Moses foi um arquiteto considerado o “faraó” de Nova York, que entre as décadas de 30 e 50 mudou a face de uma das maiores cidade do mundo. Mas de que maneira a nova estética da cidade foi construída?
A revisão do Plano Diretor da Cidade de São Paulo, que serve para organizar e orientar o crescimento da metrópole pelos próximos anos, irá acontecer em 2013. E para que exemplos como o de Moses não sejam seguidos, não pode faltar diálogo com a população. “Precisamos mudar com democracia. Em Nova York houve uma intervenção de caráter autoritário. Milhares de pequenos comerciantes e moradores foram prejudicados em detrimento do mercado imobiliário. A cidade ficou mais bonita do ponto de vista estético, não do ponto de vista humano” afirma José Américo Dias (PT), Presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
O Estatuto da Cidade, criado em 2001, obriga que cidades com mais de 20 mil habitantes tenham um Plano Diretor e exige participação popular na elaboração de planos de projetos. José Américo aponta que o objetivo durante a revisão do Plano é fazer audiências públicas para estimular o debate com a população, e que a verba publicitária da Câmara será usada para divulgar as audiências públicas na mídia. “O debate é fundamental, só com ele sabemos o que está acontecendo na cidade.” resssalta.
Em pesquisa Datafolha realizada entre os dias 13 e 14 de junho de 2012 foram levantados os principais problemas que atingem cada região da cidade de São Paulo. Na zona Norte a principal queixa de população gira em torno da educação; na zona Oeste o trânsito é o maior vilão; na zona Leste o transporte coletivo é o que gerou maiores reclamações; e na zona Sul o maior índice de pessoas reclamou da limpeza. Os dados confirmam e evidenciam a heterogeneidade presente na cidade, o que implica, já que São Paulo é uma cidade bastante peculiar, que a revisão do Plano Diretor deve ser feita levando-se em conta as necessidades de cada região.
A participação popular é livre, e pode ser individual ou por meio das associações de bairro. No entanto, a questão não é tão simples. Durante a organização do planejamento urbano, muitos interesses, como os do mercado imobiliário, urbanistas, prefeitura e dos cidadãos devem ser levados em conta. E muitas vezes, esses interesses não são os mesmos, o que pode vir a causar conflitos. “O debate será politizado e conflituoso. Haverá morador defendendo a preservação e outro a flexibilização da lei. E o papel da Câmara é tentar encontrar um denominador comum” ressalta José Américo. O vereador ainda afirma que muitas vezes é preciso mostrar para os cidadãos que a especulação imobiliária pode valorizar o imóvel, contudo irá, de alguma forma, prejudicar a cidade.
As regiões mais distantes do centro geram um debate importante no plano diretor. Integrante do Movimento Nossa Itaquera, Jorge Macedo acredita que as obras que estão sendo feitas no bairro, devido à Copa do Mundo de 2014, irão auxiliar a mudança de perfil da região. “A Zona Leste possui mais de 4 milhões de habitantes e é vista pelo poder público como bairros dormitórios, onde a população trabalha e estuda em outras regiões da cidade.” alude Macedo que ressalta que o foco do Movimento sempre foi levar o desenvolvimento para a região de Itaquera, muito antes das obras do estádio terem início. “Tínhamos outras bandeiras de lutas, como é o caso da Implantação da Universidade Federal da Zona Leste que será implantada na Av. Jacú Pêssego.” completa.
E como a revisão do Plano Diretor buscará atender às demandas de regiões mais periféricas, como a de Itaquera? Para José Américo, “a revisão buscará intervir para melhorar a cidade. Ou seja, levar o desenvolvimento econômico para a periferia de São Paulo, aproximando o emprego das pessoas para diminuir o deslocamento.” Os prédios abandonados do centro da cidade também são um foco nessa questão. Com o aumento dos impostos e o incentivo da prefeitura para que esses prédios sejam desapropriados, ao invés de construções abandonadas, eles podem se tornar moradias: “Ao conseguir a desapropriação, pode-se construir moradias populares, e isso irá estimular as pessoas a morarem no centro. O que irá diminuir o deslocamento.”
Mobilidade, moradia, questão ambiental, deslocamento, e outras pautas importantes que influenciam na vida de quem vive na cidade de São Paulo serão discutidas durante a revisão do Plano Diretor. E os cidadãos, os maiores interessados no assunto, devem estar atentos às prioridades que cada bairro precisa levantar. “É importante termos audiência pública grandes, com muita gente. Afinal, quanto mais pessoas debatendo, isso significa que mais pessoas estão informadas sobre o assunto.” apontou o presidente da Câmara.
*** As conferências do 6º módulo do Projeto Repórter do Futuro sobre São Paulo são realizadas no auditório Freitas Nobre na Câmara Municipal de São Paulo e podem ser acompanhadas online pelo site http://www.camara.sp.gov.br. Ao longo do curso, os futuros repórteres possam a adquirir ferramentas para analisar e pensar a cidade. Além dos encontros com jornalistas, cronistas e especialistas dos principais indicadores da realidade, o curso traz ainda aulas bônus com técnicas de estudo, revisão de conceitos do jornalismo e RAC – Reportagem com Auxílio do Computador.