O primeiro dia da 23ª Conferência das Partes (COP 23) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) foi marcado por otimismo, de um lado, e pressão, do outro, principalmente das ONGs ambientalistas que exigem mais transparência frente aos compromissos assumidos durante a assinatura e a ratificação do Acordo de Paris, em vigor há um ano.
Na cerimônia de abertura da COP 23, sediada em Bonn, Alemanha, mas presidida pelas Ilhas Fiji, uma apresentação dos “guerreiros fijis” simbolizou o clima que deve imprimir as discussões ao longo dos 11 dias da conferência.
Patricia Espinosa, secretária-executiva da UNFCCC, recorreu à história para reforçar que a luta ambiental não foi em vão, ao contrário, ela culminou com os avanços hoje registrados. “Vinte e cinco anos atrás, governos se reuniram na Earth Summit [Rio 92], no Rio de Janeiro, com esse mesmo espírito. Eles começaram com a ideia de que o mundo precisava mudar o modo como lidava com as ameaças ao meio ambiente. E daquela simples ideia a nossa convenção foi aceita e o movimento começou. Um movimento que, há dois anos, resultou no Acordo de Paris. Hoje, em tempo recorde, 169 países o ratificaram, possibilitando nossa ida da era da esperança… para a era da implementação”.
Em poucas palavras, o primeiro-ministro das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, registrou o seu apelo em nome da população de um dos países insulares mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas. “Nós não podemos falhar com o nosso povo”.
A comunidade científica, grande aliada para o combate às mudanças climáticas, fez questão de iniciar a COP 23 com um olhar menos cético do que o de costume. Elena Manaenkova, secretária-geral adjunta da Organização Meteorológica Mundial (MMO), mostrou-se otimista com o avanço das pesquisas científicas sobre as mudanças climáticas, mesmo diante do processo de saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Se na Zona Azul da COP 23, centro nervoso da conferência, a tentativa, no primeiro dia, era garantir que tudo caminha rumo aos compromissos assumidos em 2015 e materializados com a ratificação do Acordo de Paris, em novembro do ano passado, do lado de fora, quase como uma recepção de boas-vindas ao público da cúpula, jovens e crianças unidas ao Greenpeace faziam pressão para que o compromisso com a mitigação e adaptação às mudanças climáticas consiga ir muito além de um pedaço de papel assinado por chefes de Estado. O compromisso, lembrado por eles, tem de ser o de salvar a Terra.