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Revista Arruaça bagunça o coreto

A revista Arruaça teve seu primeiro número no segundo semestre de 2013. Ela nasceu da ideia de juntar o material produzido em sala de aula no formato de revista eletrônica experimental, aproveitando o lastro de visibilidade da faculdade, uma vez que a escrita de resenhas, por exemplo, é regular na disciplina de jornalismo cultural ministrada pelo professor Welington Andrade, também vice-diretor da Faculdade Cásper Líbero, no programa de pós-graduação lato sensu: “a cada duas ou três semanas os alunos tinham que entregar um texto sobre algum aspecto ou alguma manifestação artística ou cultural de São Paulo”.

Welington se reuniu com Lee Ka Wai e Alessandra Zanusso, respectivamente coordenadora e web designer da Equipe Web, órgão responsável pelo  design de produtos digitais na Fundação Cásper Líbero, a fim de explorar possibilidades criativas para a elaboração da revista: “elas me trouxeram a ousadia do projeto, por que a principio pensava em algo mais conservador.”. O formato definido permite que os alunos experimentem diferentes mídias: vídeos, fotos e até podcasts.

Durante a produção da revista, alguns alunos viajaram para o exterior e manifestaram interesse em mandar matérias baseadas em suas viagens. A Arruaça, então, deixou de ser focada na cidade de São Paulo e tornou-se essencialmente urbana. O nome, aliás, foi decidido em sala de aula. Segundo o professor Welington, caiu como uma luva, pois “tem a ideia de brincar com a rua, com a irreverência e naquele momento no ano passado, em São Paulo, as ruas estavam sendo tomadas pelo bando de ‘baderneiros’, ‘arruaceiros’ e manifestantes e nós achamos que tinha essa cara de bagunçar um pouco o coreto da cultura organizada”.

Marco Marquesi, Amsterdam / Holanda

Marco Marquesi, Amsterdam / Holanda

Para Felipe Parlato, aluno da pós-graduação e repórter da primeira Arruaça, participar da revista foi um desafio por dois motivos: primeiro por que seu interesse maior era trabalhar com jornalismo esportivo, falar de futebol de alguma maneira, o que a primeira vista não parecia tão fácil, e segundo porque ele não é jornalista, mas sim formado em rádio, TV e nunca tinha feito uma reportagem escrita.  Felipe conseguiu incluir sua atração por futebol na reportagem sobre o Autônomos F.C., um time de futebol anarquista da várzea paulistana.

Já a aluna Renata Cezaretto, não sentiu muita dificuldade na hora de escrever. Também formada em rádio, TV e internet, Renata afirma que a revista é mais do que uma ferramenta de aprendizado, “serve como um laboratório de desenvolvimento da mensagem escrita – diferente do vídeo que nos dá o apoio da imagem juntamente com o seu conteúdo, o texto por si só deve conter elementos suficientes para prestar o seu papel na comunicação com o leitor, isso para mim certamente foi o aprendizado mais importante”.

 

Participação dos alunos

Qualquer aluno que já tenha passado pela disciplina pode continuar sendo colaborador da revista, avisa Welington. A função principal é avaliar os alunos do curso, que devem produzir dois materiais diferentes – tema e formato – ao longo do semestre. Mas, mesmo depois de formado, o interessado pode continuar mandando sugestões de pauta, matérias, entrevistas e será publicada.

Felipe afirma que publicar as produções motiva mais os alunos e os impulsiona a fazer trabalhos cada vez melhores.  Ele aprendeu tanto com a participação na revista que pretende fazer outros textos nesse estilo de escrita para a pós-graduação, além de continuar contribuindo para a revista.

Ainda não foi definida a periodicidade de publicação das revistas. O curso de jornalismo cultural é semestral e as publicações podem ser mensais, quinzenais ou de maneira pulverizada. “O ideal seria que ela tivesse uma edição nova, um número fechado a cada semestre, mas como é uma revista colaborativa, experimental, vai depender muito da produção”, explica Welington Andrade.

 

Casa Mafalda, sede do clube Autônomos