A segunda semana da Conferência do Clima começou movimentada no pavilhão da Rede WWF, organização não-governamental de conservação da natureza, sediada na Suíça e atuante em vários países.
A proteção dos ecossistemas nas nações com menor índice de desenvolvimento e a resiliência às mudanças climáticas foram destaque em uma mesa organizada pela WWF, nesta segunda, 13. O evento contou com a participação de representantes de governos que, juntos com a ONG, atuam na implementação dos Planos Nacionais de Adaptação (NAP, na sigla em inglês). Os NAPs são reconhecidos pela Conferência das Partes como suporte aos 47 membros do PMD (bloco dos países menos desenvolvidos).
A ministra de Meio Ambiente de Madagascar, Nivohary Ramaroson, colocou em discussão os desafios de elevar o potencial das comunidades para a adaptação ao clima e de chamar a atenção das empresas, especialmente no que diz respeito ao impulso de investimentos em iniciativas sustentáveis.
As questões ecológicas, muitas vezes subestimadas pela sociedade em geral, têm alarmado tanto o setor público, quanto o privado. Durante a COP23, as nações ricas estão reforçando a importância da mitigação, ou seja, a intervenção humana, muitas vezes a longo prazo, na remediação dos impactos ambientais. Esse foco contribui para enfraquecer e descentralizar o debate acerca da urgência da adaptação, relegada ao segundo plano.
Para o nigerino François Yatta, doutor em economia urbana e diretor dos programas da UCLG África, organização que reúne e representa os governos africanos, a situação no seu continente traduz exatamente a necessidade de resiliência, lembrando que a falta de investimento na África imobiliza as ações de adaptação às mudanças climáticas e marginaliza os países com maior vulnerabilidade social, econômica e ambiental.
Na COP23, a falta de representatividade das comunidades menos desenvolvidas, concentradas em regiões como África e América Latina, é, para Yatta, um fator questionável. Em sua visão, as nações mais frágeis precisam de espaço para falar sobre adaptação, especialmente em eventos de grande vulto internacional. “Nós não investimos o suficiente em adaptação. Não se deve esperar pelo problema, mas adaptar-se a ele e, portanto, evitá-lo”.
Ainda de acordo com o economista, o mais importante para a África é a adaptação, e não a mitigação, pois o continente africano responde, no momento, por 4% das emissões globais de gases do efeito estufa. “Adaptação significa inovação e mudança. E, também, dinheiro. E onde está o dinheiro? Os países desenvolvidos não veem a conexão entre as mudanças climáticas e o futuro. Só enxergam o agora.”