INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O PROCESSO SELETIVO 2024.2 Fechar

Quem nunca teve dúvidas, receios, anseios, olhares tortos ou reprovações ao dizer para a família ou amigos que escolheu uma profissão concorrida? Ou pior: uma profissão supostamente em decadência? Os estudantes de Jornalismo que o digam. Ao saber disso, durante a Aula Magna da manhã do último dia 26, na Faculdade Cásper Líbero, o editor-executivo da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila, apresentou para os jovens universitários suas experiências e opiniões apontando para os diversos ângulos do que é ser um jornalista.
“Eu me sinto em casa”, começou dizendo Dávila ao agradecer a apresentação do ex-colega de trabalho – e agora professor e coordenador do curso de Jornalismo na Cásper – Carlos Costa. Já no início da aula, pode-se notar o quão carregada é a bagagem de experiências vividas pelo jornalista convidado: no ramo há mais de 20 anos, Sérgio começou seu trabalho na Playboy, passando em seguida pela revista VEJA São Paulo e mudando depois, definitivamente, para a Folha (na qual participou primeiro no caderno Ilustrada e, em 2000, tornou-se correspondente internacional do jornal em Nova Iorque). Hoje, como editor-executivo, ele conta sobre a magnitude de cobrir reportagens como a Guerra do Iraque e o ataque de 11 de Setembro: “Quando você está próximo e vê o organismo agindo de diversas maneiras, é inesquecível”.
Através desses relatos, os alunos começaram a analisar o lado bom de virar jornalista. Ao mesmo tempo em que “arriscar” (afinal, existem equipamentos de segurança para serem utilizados pelos profissionais nestas situações) sua própria segurança para noticiar um fato é algo a se preocupar e que também se encaixa como desvantagem, o Jornalismo abre essa excitante porta para conhecer e entender melhor o mundo. O professor Costa bem disse: “Pra mim aconteceu exatamente isso: por ser jornalista eu tive a oportunidade de conhecer pessoas e entrevistar algumas personalidades que, de outra maneira, não teria tido.”
Além de ser uma realização pessoal, há uma função social por trás da profissão: o jornalista tem a possibilidade de abrir essa porta de conhecimento também para o leitor, expondo-o ao contraditório. Colocar os dois lados da moeda na mesma mesa. Fazê-lo enxergar duas visões diferentes para que este, assim, consiga criar sua própria visão sem preconceitos, sem julgamentos descabidos. Se você tiver alguma mediação de um jornalismo de qualidade, você estará exposto a opiniões que nem sabia que existiam. Isso é cultura. Isso é respeito. Isso é ter consciência da diversidade que nos rodeia. “Acho que vocês têm um futuro brilhante pela frente”, encorajou Dávila.
A esperança pela continuidade do ofício não é por menos. Não há como negar que o jornalismo impresso tem decaído nos últimos anos, mas é apenas o modelo de negócios que se encontra no meio de um dilema, e não o negócio em si. Como apontou Dávila durante a aula, ao conciliar a realidade da mídia impressa com a da mídia digital, o número de assinantes online da Folha multiplicou em até 20 vezes. O motivo é simples: nem sempre há qualidade no conteúdo online grátis, não há segurança de que aquilo represente a realidade ou chegue próximo a condizer com esta se não há um nome, uma marca por trás da notícia. E o leitor de hoje está cada vez mais crítico e atento em relação à veracidade de uma informação.
Uma questão a ser considerada é que o Jornalismo pode, sim, ter seus pontos negativos, mas qual profissão não os tem? O médico tem de lidar com doenças terminais, mortes e tantas outras fatalidades todos os dias. Quantas vezes não vemos prédios ou pontes desabando devido à falta de uma estrutura adequada a ser pensada por um engenheiro ou arquiteto? O juiz pode falhar no julgamento e acabar condenando um inocente ou libertando um criminoso. A margem de erro é comum por todos os lados, porém isto não significa que a margem de acerto não possa ser também. O médico salva vidas, o engenheiro constrói lares, o juiz defende os diretos dos cidadãos. E o jornalista deseja a verdade. Enquanto existirem notícias a serem reportadas, crimes a serem divulgados e grandes feitos a serem publicados, o Jornalismo viverá. O caminho pode até ser distorcido, mas, no final, o objetivo continuará o mesmo.