INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O PROCESSO SELETIVO 2024.2 Fechar

O jornalista, com o passar do tempo, ganhou fama por sua rotina pesada e estressante. Além disso, muito é discutido sobre o futuro da profissão, questionando-se até quando irá sobreviver uma área de atuação que parece tão ameaçada pelo avanço da tecnologia e da desvalorização do profissional. No entanto, apesar de envolvido em tantas especulações, o jornalista – e o jornalismo em si – nem sempre recebem atenção quanto aos pontos que de fato necessitam de reflexão.
Com o avanço das mídias digitais, os meios de comunicação têm que se adequar, dia a dia, às frequentes mudanças. Jornais e revistas, além de mídias em geral, têm de se adaptar às inovações, sem poder ignorar as tendências e correndo o grande risco de se perderem no caminho. Desafiadas, muitas mídias desapareceram, dando lugar àquelas que foram capazes de se transformar, ou mesmo às que surgiram justamente impulsionadas por novas ideias, em meio a uma constante concorrência por inovação e reputação.
Em meio a esse grande “boom” de tecnologias e possibilidades, muitas vezes é ignorada a real essência da atuação do jornalista, bem como do próprio jornal – aqui tratado como exemplo de mídia – e seu papel na sociedade. As redes sociais, por exemplo, ganharam ampla participação na área de informação: a cada minuto são compartilhadas milhares de postagens, relacionadas aos mais diversos assuntos, tornando possível a seleção e pesquisa diretamente relacionadas aos tópicos de interesse do usuário. Tais possibilidades, no entanto, apesar de muitas vezes associadas a uma maior distribuição de informação e conhecimento, podem ser responsáveis por uma difusão cada vez maior do senso comum.
A atuação do jornalista, muitas vezes superficialmente analisada, se situa justamente na seleção do que é ou não considerado relevante, num processo de hierarquização dos assuntos. Vai além do simples ato de apurar ou divulgar: a mediação da informação é um papel significativo do profissional e da própria mídia em que ele se faz presente. Segundo Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha de S.Paulo, a função social do jornalista é, sobretudo, expor o leitor ao contraditório. Afirma, também, que a opção por se obter informação apenas por meios informais, como redes sociais, ou mesmo vinda de apenas uma fonte, é muitas vezes responsável pela alienação: o leitor vê apenas aquilo que quer, muitas vezes de fontes pouco confiáveis, tornando-o alheio a opiniões e visões diferenciadas acerca do tema.
É importante ressaltar, portanto, a relevância da procedência e variabilidade dos meios de informação utilizados. É arriscada, segundo Dávila, a permanência do leitor em apenas um determinado círculo de opiniões. A ausência de diferentes fontes pode causar a radicalização de concepções já formadas, em vez de proporcionar – como ambiciona o jornalismo – a compreensão dos variados pontos de vista e das possíveis interpretações.