No marco do ciclo de debates sobre os 50 anos do golpe militar no Brasil, a terceira manhã, no dia 2 de abril, o debate teve como tema “A Publicidade e os 50 Anos do Golpe”, contando com a participação dos professores Eduardo Dieb, Roberto Gondo de Macedo e Tânia Hoff. O evento foi mediado pelo professor da casa, Celso Figueiredo.
A primeira a falar foi a professora Tânia Hoff, docente do programa de pós-graduação na ESPM. O foco de seu discurso foram as narrativas publicitárias da época e suas ligações com a sociedade de consumo. Ela também frisou a consolidação do marketing brasileiro no período e a influência do modelo norte-americano sobre ele. Elucidou também temas como a importância da publicidade para encobrir a real face da ditadura.
Em seguida, a palavra foi dada ao professor Roberto Gondo, que leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie e preside a Politicom, Sociedade Brasileira de Profissionais e Pesquisadores de Comunicação Política e Marketing Político.
Ele abordou diferentes questões publicitárias ao longo dos anos da ditadura com ênfase na comunicação política. Na sua visão, o regime anterior já estava fragilizado e, portanto, deixou aberturas para que todo o cenário ditatorial se concretizasse. Era feito um forte controle midiático, pois os veículos eram constantemente monitorados e sofriam censura de órgãos do governo. As propagandas que circulavam tinham um caráter de nacionalismo excessivo, usavam uma estratégia de “combate ao mal” e, para ganhar credibilidade, vinculavam a imagem de figuras públicas às suas mensagens.
O próximo a falar foi o professor Eduardo Dieb, que dá aulas de Criação na Cásper. Sua apresentação focou no caráter ufanista das propagandas governamentais e em como a ideia de aceitação da ditadura era difundida para a população no geral. Ele também ressaltou a posição estratégica das empresas ao se posicionarem a favor do regime em suas campanhas publicitárias.
Último a expor seu ponto, o professor Celso Figueiredo exibiu uma extensa comparação entre os anúncios brasileiros e os americanos, comparando-os e apontando principalmente sua similaridade, porém sempre ressaltando marcas claramente “nacionais” nos anúncios e, consequentemente, as primeiras noções de uma identidade brasileira na publicidade.
Para finalizar, os professores responderam perguntas da plateia acerca de diversos temas que apresentaram conexões com a publicidade, tais como o consenso que havia entre os discursos da época, que foi respondido pelo professor Roberto com a noção de que estes seguiam um “fluxo” já vigente. Também foram levantados paralelos com questões presentes nos dias de hoje. E, desse modo, foi encerrado o terceiro dia de debates que lembraram os 50 anos do golpe de 64.