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De 28 de maio a 1º de junho, o Centro de Cultura Judaica promove a 7ª edição da Mostra Audiovisual Israelense. Inteiramente gratuitos, os filmes serão exibidos no próprio Centro e no Clube “A Hebraica”.

Temas sociais e de caráter psicológico são abordados nos filmes, bem como sexualidade, religião e política. Um dos destaques da mostra é o documentário Sharon, de Dror Moreh, que conta o período em que o então primeiro ministro anunciou o plano de retirada da Faixa de Gaza.

O professor de ciência política da Cásper, João Alexandre Peschanski, explicou como a história se manifesta na produção artística contemporânea do país:

“Israel é um país de intersecções. Encontram-se geografias, classes sociais, tempos históricos, religiões, raças, modelos econômicos, geopolíticas. […] mas também é o símbolo dos desencontros, das tensões permanentes com Estados vizinhos, do sítio da população palestina, esta agora na experiência do exílio, do campo de refugiado.

Nas intersecções com o universo militar surgem alguns dos aspectos mais inesperados da vida israelense. Um exército que convive com a haute culture; uma democracia liberal com líderes oriundos do campo de batalha; a farda em meio a masculinidades em questão, com a consolidação de identidades transgender e movimentos feministas. Drogas, novas sexualidades; talmude, Mossad.

A sociabilidade dos extremos fomenta em Israel a sensação de que algo vai acontecer: a retirada dos territórios palestinos, o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado judaico – à globalização, que rompe fronteiras e desculturaliza, o difícil exercício de lidar com o pesadelo do passado, a Shoah, que de certo modo justifica toda ação pública, mas se perde como argumento passe-partout.

A noção de perda, trauma, é, aliás, a linguagem a ser superada, que as artes contemporâneas israelenses tentam abandonar e reviver, abrindo mão de silêncios, não-ditos, a impossibilidade de fazer comédia sobre o luto, suspense sobre o luto. A interseccionalidade exige uma renegociação da narrativa, o que motiva e dinamiza as artes israelenses, que vivem desde os anos 1980 uma era de extraordinária capacidade produtiva, desvencilhando-se das amarras silenciadoras do passado que dói e da política do impasse, especialmente da questão palestina”.”

Fundado há 50 anos por Leon Feffer, o Centro de Cultura Judaica é um espaço que sedia diversos eventos educativos e culturais ao longo do ano, com o intuito de entrelaçar a comunidade judaica à brasileira.