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A Faculdade Cásper Líbero sediou, na sexta-feira 30 de maio, seminário em comemoração aos 50 anos de carreira do jornalista Ricardo Kotscho. Com a presença de grandes jornalistas como Eliane Brum, Clóvis Rossi, Audálio Dantas, Jorge Araújo, Hélio Campos de Mello e Mariana Kotscho, filha do homenageado, carreira de Kotscho foi lembrada com diversas histórias que se misturam à história do jornalismo no país.

Mariana Kotscho contou como é ter um pai jornalista e um jornalista pai, pois um nunca se desvencilhava do outro. Desde pequena ela frequentava a redação, que era como uma extensão de sua casa, sempre se envolvia com os personagens e histórias de seu pai.

Eliane Brum, escritora e jornalista, se emocionou ao lembrar que Ricardo Kotscho era como uma lenda para ela e de quando começaram a trabalharam juntos na redação da revista Época e ele a ensinou uma outra forma de ser repórter, vestindo-se do outro. Eliane falou ainda sobre a expressão “reportagem externa”, cunhada por Ricardo na época em que a maioria das reportagens passou a ser feita de dentro das redações. Concluiu: “a solução para a crise do jornalismo é o Kotscho […] é a reportagem”.  Kotscho complementou afirmando que o jornalismo e a reportagem nunca vão acabar.

O atual diretor da revista Negócios da Comunicação, jornalista Audálio Dantas confessou que sua grande frustação foi nunca ter trabalhado com Kotscho. Ressaltou a cobertura de Kotscho em momentos históricos importantes como a morte de Vladmir Herzog e a redemocratização do país. Continuando no tema das reportagens, Audálio acrescentou que a reportagem não acabou, mas que existe pouco espaço para ela nos veículos atuais, uma vez que as pautas não são apuradas como Kotscho fazia, não aceitando versões oficiais e indo atrás de outras informações.  Sobre o jornalismo digital, o jornalista afirmou que o tamanho reduzido das reportagens não significa que elas não precisem ser cuidadosamente apuradas.

O repórter fotográfico Jorge Araújo contou que já presenciou Kotscho chorando durante algumas coberturas de situações dramáticas e que o homenageado tinha medo de viajar de avião. Kotscho retrucou dizendo: “Medo todo mundo tem!”.

Clóvis Rossi era chefe de reportagem do jornal O Estado de S.Paulo quando Kotscho, aos 17 anos, “cheio de espinhas no rosto e magrelo” foi pedir um emprego, afirmando que trabalharia até de graça. Clóvis contou que em apenas três dias percebeu que Ricardo realmente tinha dom para o jornalismo. Brincou que havia planejado contar histórias de bastidores, mas que a vida de Kotscho está toda publicada nos jornais, as melhores histórias são as que ele publicou.

Hélio Campos de Mello, fotógrafo e jornalista lembrou-se de quando conheceu Kotscho na revista Istoé, cobrindo movimento sindical e de quando fizeram reportagens especiais para o jornal O Globo.

Kotscho agradeceu a homenagem, realizado por ter feito todas as reportagens que quis no decorrer dos 50 anos de profissão. A justificativa? “Sou um chato e vou até o fim para conseguir a reportagem”, afirmou.  O jornalismo agradece.