Foi entre orientações de TCCs, muitas aulas e uma paradinha rápida em frente aos laboratórios do 5º andar, que Tatiana de Bruyn Ferraz Teixeira conseguiu um tempinho para conversar comigo. Minutos depois, eu descobri que, além do reflexo de uma vida corrida, a comida natural também era parte de uma vida saudável de quem corre – literalmente!
Tati Ferraz é formada em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo (UNIMESP). Quando terminou o ensino médio, em dúvida sobre o que queria cursar na graduação, ela acabou optando por cursos na área de comunicação, porque gostava de ler e escrever. “Acho que para o jornalismo eu fui meio que por acaso… Não foi uma certeza logo de início”, conta. Prestou vestibular para várias faculdades e profissões diferentes. “Aí acabei passando na Metodista e falei ‘ah, então é jornalismo que eu vou fazer’”.
Enquanto cursava a faculdade, ela já trabalhava, mas não ainda na área que escolhera. Entretanto, logo depois de terminar a graduação, iniciou uma verdadeira maratona de empregos, tanto nas rádios quanto na televisão. Essas passagens por várias empresas aconteceram, principalmente, porque ela nunca ficou mais de três anos em um emprego, já que sempre surgia uma nova oportunidade que queria ir atrás. Começou na Rádio Jovem Pan, passando depois pelo SBT, TV Record e TV Gazeta. Voltou para o rádio na Rádio Eldorado, saindo um tempo depois para voltar às telinhas, na TV Cultura, onde seguiu pela Rádio Cultura. Ainda foi para a Bradesco Esportes FM, retornou à TV Cultura e finalmente foi para a Rádio Estadão, onde trabalhava até pouco tempo.
Apesar de uma carreira equilibrada entre as mídias, a jornalista tem preferência por um dos meios. “Eu gosto das duas coisas. São 20 anos de carreira e eu sempre gostei muito de rádio, é minha verdadeira paixão. Eu gosto da TV também, mas prefiro o rádio. Quando dá tempo, ainda faço freelas de locução”, conta.
Foi também por meio dessa paixão que Tati conheceu seu marido, Agostinho Teixeira, na Jovem Pan. Mas eles não ficaram juntos tão rapidamente – ele foi para a Rádio Bandeirantes, onde é repórter há 20 anos, e ela foi trabalhar no SBT. Anos depois, se reencontraram e hoje são casados há 17 anos e tem dois filhos, a Lucília (15 anos) e o Francisco (13). “O lado bom de ter um relacionamento com outro jornalista é que ele entende seus horários, o plantão um do outro, ir pra redação de madrugada… Mas era ruim quando as crianças eram pequenas. Trabalhávamos de fim de semana, feriados, e sempre precisávamos de um plano B, de alguém que ficasse com eles, buscasse na escola… Olhando para trás, é difícil ser casada, com filhos, e ser jornalista. Hoje, apesar da grande quantidade de trabalho ainda, meus horários são mais regrados, e passo muito mais tempo com meus filhos agora, que eles são adolescentes”.
Esses horários – um pouco – menos bagunçados se devem, principalmente, ao fato das aulas que leciona para 12 turmas na Faculdade Cásper Líbero desde 2005, nos períodos diurno e noturno, além de ser coordenadora do Edição Extra, programa produzido pelos alunos da FCL e veiculado mensalmente na TV Gazeta.
A oportunidade de ser docente surgiu quando apareceu uma vaga para dar aulas para o curso de Rádio, TV e Internet, cobrindo uma professora que estava de licença-maternidade. No fim desse período, coincidentemente foi aberta uma vaga para lecionar em Jornalismo, e Tatiana foi efetivada. Recém-empossada como vice-coordenadora do curso de Jornalismo e professora das disciplinas Radiojornalismo e Telejornalismo, ela conta que “A parte mais gratificante é os alunos entrarem em contato depois que saem da faculdade, pedindo conselhos e contando experiências. Acho que nós – professores – somos muito mais valorizados pelos alunos depois que eles se formam.”.
Já como jornalista, Tati diz que “cada entrevista é um aprendizado”, e que os fatos que mais marcaram sua vida na área foram a cobertura da Copa do Mundo da França, em 1998; o prêmio Ethos que ganhou em 2006 pela rádio Eldorado e uma entrevista, que fez no mesmo ano, com um sobrevivente de mais de 80 anos de Auschwitz, no aniversário da libertação do campo de concentração. Acostumada a viver nessa clássica correria dos jornalistas, sem dia ou horário para quase nada, ela ainda encontra tempo para o seu – engraçada e espantosamente – maior hobby: correr. De 4 a 5 vezes por semana, e também faz musculação. “Eu amo correr, é minha terapia”, diz. Além das corridas quase diárias, a professora também já correu duas maratonas inteiras, em São Paulo e em Buenos Aires, e mais oito meias maratonas de 21 km.
Afinal, para quem já correu – e continua correndo – tanto entre rádios, jornais, televisões, aulas, alunos e família, o que são mais alguns quilômetros por puro prazer?