Dentre os vários questionamentos que um espectador faz enquanto assiste a um filme, a pergunta “qual é o sentido disso?” talvez seja a mais recorrente. Em uma época em que parece proibido não ter opiniões sobre todos os assuntos, Varda por Agnès, derradeira película da diretora belga, é uma espécie de bálsamo contra nossos pruridos opinativos.
Não que não haja, de fato, sentidos implícitos na obra, mas eles são secundários perto da tentativa da diretora de reter nossa atenção para a variedade de linguagens com as quais o cinema trabalha. Ao assistirmos ao filme, muitas vezes esquecemos o que está sendo dito, pois a habilidade de Varda é mostrar o modo como podemos dizer as coisas. O sentido, afinal, parece ser o de que o cinema é, antes de tudo, linguagem.