“NÓS SOMOS OS G500 e estamos prontos para fazer a diferença.” Assim poderia ser traduzido o lema do jovem movimento político holandês. Formado em abril de 2012, o projeto pretendia reunir pelo menos 500 jovens entre 18 e 35 anos para que, em conjunto, solicitassem a participação nos três principais partidos políticos da Holanda: Cristãos Democratas (CDA), partido Liberal (VVD) e Partido Trabalhista (PVDA). O número de inscrições foi atingido em cinco dias.
A proposta é ousada: rejuvenescer o governo holandês e colocar problemas que precisam de solução imediata na agenda da discussão nacional, como educação, saúde pública e habitação. Sywert Van Liendem, 21 anos, um dos criadores do movimento, conta que não esperava o apoio recebido do povo holandês. “A princípio pensávamos apenas em recrutar 500 pessoas e publicar uma carta de opinião no jornal.” Após duas semanas do lançamento do G500, mais de 200 mil pessoas passaram a apoiar o movimento na internet.
Como resposta à ampla participação do povo holandês, o grupo resolveu abrir as inscrições para cidadãos que tinham mais de 35 anos. O movimento foi novamente surpreendido com o número de inscritos e então surgiu o G500 +. Hoje, os dois grupos contam com a participação de 1000 pessoas, 200 delas envolvidas em debates, comícios, comunidades e congressos.
Liendem explica que o grupo participou ativamente das conferências realizadas pelos partidos até setembro de 2011, já que é durante essas cerimônias que as linhas partidárias são decididas.
O principal ponto de discussão do G500 é a idade avançada dos políticos que estão no poder e que ocupam as 150 cadeiras do parlamento. De acordo com o grupo, “a reforma dentro do centro político pode servir como base para os futuros governos e tornar a Holanda pronta para o futuro”. Segundo Liendem, o grupo considera as estruturas
partidárias já existentes para aplicar as reformas, em vez de formar um novo partido. Isto porque formar outro partido em um sistema político já fragmentado como o holandes provocaria ainda mais segmentação.
PROPOSTA DO MOVIMENTO
Visando aprimorar o sistema de educação, para que o país se torne mais competitivo e mais forte economicamente, o grupo defende que 2,5% do PIB holandês seja investido nesse setor. Com relação ao sistema de sáude, o grupo acredita que aqueles que podem pagar pelos serviços devem fazê-lo. Além do mais, de acordo com o G500, uma reforma no mercado imobiliário se faz necessária para que os cidadãos de menor poder aquisitivo possam comprar habitações a preços mais acessíveis e mais próximas ao local de trabalho.
A jornalista Kim Holla, 22 anos, acredita que o G500 conseguiu despertar, não só na juventude holandesa, mas em toda a sociedade, a vontade de se posicionar e atuar ativamente na política do país. “Nós sempre nos interessamos por política, mas não participávamos porque era entediante e chato. Víamos sempre as mesmas pessoas velhas e negativas no poder, mas o G500 nos fez compreender que podemos fazer a diferença”, diz.
NOVAS POSSIBILIDADES
Ao que parece, o empenho desses jovens vem dando resultados. O partido VVD, por influencia do G500, pensa em ajustar o sistema de cálculo de pensão e convencer as empresas a fecharem contratos temporários com seus funcionários (dois jovens do G500 terão a incubência de supervisionar o cumprimento do acordo), além de estimular o uso de 14% de energia renovável até 2020.
O partido CDA já prometeu preservar a bolsa de base para licenciatura e mestrado, reduzir em 20% a emissão de CO2 até 2012 e convencer as empresas a fecharem contratos de trabalhos mais flexíveis e com um prazo de cinco anos. Liendem defende que promover melho rias no país onde se vive é responsabilidade de todos. “Nós estamos tentando achar novas formas de trabalhar antigas estruturas. Para isso temos que colocar a juventude no centro da política para que ela proponha novas ideias e soluções para os problemas que estamos enfrentando.” Ele ainda complementa: “Com o aumento da perspectiva de vida do holandês, nosso país está ficando cada dia mais velho. Não podemos ficar quietos enquanto isso acontece.”