No segundo dia de palestras da 21ª Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, os temas do encontro da noite foram organizados pela Frente Feminista Casperiana Lisandra (FFCL). Eles foram divididos em quatro salas.
Em uma delas, a questão abordada era a maneira como a mídia aborda o feminismo. As convidadas para debater este tópico foram: Juliana de Faria, jornalista e blogueira do thinkolga.com e uma das criadoras da campanha “Chega de Fiu-fiu”, e Silvia Amélia, ex-editora de comportamento da revista Gloss. Os debates foram medidas pelo professor de Filosofia da Faculdade Cásper Líbero, Chico Nunes.
Juliana de Faria iniciou o debate defendendo o feminismo que permite a mulher decidir o que é melhor para si: “Ele dá esse poder de escolha para elas e garante que ela poderá escolher o que quiser e não vai precisar pedir desculpas por isso”. Explicou que não só é importante apoiar a mulher que quer ter uma profissão como também aquela que opta por ficar em casa, cuidar dos filhos e ter quantos esmaltes quiser. Além disso, garantiu achar importante dar informação de como emagrecer com saúde àquelas que desejam isso, mas que o problema é quando a revista se torna monotemática, só fala com um tipo de público e esquece da diversidade enorme que existe entre as mulheres.
Silvia Amélia iniciou contando que entrou para a revista Gloss a partir de uma sugestão de pauta que abordasse os casos em que mulheres são mortas por ex-parceiros que não aceitaram o fim do relacionamento. A editora da revista aprovou a pauta e chamou-a para produzi-la. Durante o processo de apuração, que durou três meses, Silvia Amélia se espantou com a quantidade de casos que aconteciam e acontecem diariamente sem que haja repercussão na mídia. Ela comentou que o assunto não é tratado como fenômeno, e sim, como caso isolado, ainda que os números sejam alarmantes. Destacou o termo “crime passional”, como se a “paixão” do criminoso justificasse ou amenizasse o ato cometido por ele.
Após a introdução do assunto feita por cada uma das participantes, as mulheres que assistiam ao debate, além de fazerem perguntas, começaram a dar depoimentos de assédios sofridos por elas ou por alguém próximo e o quanto isso as impactou e trouxe consequências. A campanha “Chega de Fiu-fiu” foi também abordada e a maneira como ela pode ser explicada aqueles que não entendem o incômodo que uma cantada pode causar foi bastante discutida, entre outras questões, como a facilidade das pessoas de entender mulheres que não são felizes.
“As mulheres são muito pressionadas a serem infelizes. Se você é infeliz, você está bem encaixada no mundo”, garante Sílvia Amélia, explicando que aquelas que escolhem não ter filhos para ganhar disponibilidade de trabalhar muito, são criticadas; enquanto as que reclamam por terem largado o emprego para cuidar de casa e das crianças, mas que gostariam de ter um emprego, geralmente são aceitas.
Com a mediação do professor de filosofia da Faculdade Cásper Líbero, Chico Nunes, e de Carolina Serpejante, membro da FFCL e aluna do 4º ano de Jornalismo, a mesa durou cerca de duas horas e abordou desde os problemas do feminismo radical, como a maneira que isso pode interferir na escolha da mulher – até assuntos como a exposição do corpo mulheres em revistas masculinas, se é machismo ou não, qual é o limite que define essa questão e se cada uma das modelos fez isso por opção ou por opressão que sofreu da sociedade.