Marcelo Lui Beck, apresentador do Beckstage Podcast, é formado em direito na USP, porém, durante a pandemia percebeu que sua vontade era trabalhar na área da comunicação, mais especificamente, com podcasts. Em 2022, ele criou seu canal, e no seu estúdio começou a produzir episódios no formato entrevista, abordando diversos assuntos, entre eles, jornalismo e esportes. Recentemente resolveu fazer pós-graduação na Faculdade Cásper Líbero, em Jornalismo em Plataformas Digitais.
Em entrevista exclusiva concedida à Newsletter Pós Na Cásper, Marcelo conta como foi e está sendo sua experiência com o podcast e como ele pretende avançar nessa transição de carreira. Leia abaixo!
Eu sou um cara de São Paulo, vou fazer 25 anos, sou formado em Direito porque quando estava na escola gostava de Humanidades, mas nunca tive muito interesse por Direito. Eu via que as pessoas ao meu redor, meus amigos que tinham interesses parecidos com os meus gostavam de Direito e iam fazer essa faculdade, fui fazer também, mas nunca me identifiquei com o curso e sempre fui muito apaixonado por comunicação. Desde criança eu era viciado em vídeos de YouTube. Quando começaram os podcasts, comecei a consumir muito.
Chegou um momento da faculdade em que eu estava estagiando em um escritório de advocacia, trabalhando muito, no meio da pandemia. Aquilo começou a ferrar minha cabeça e comecei a perceber que queria outra coisa pra minha vida e o trabalho seria algo importante de mudar. Pensei em criar um podcast e foi aí que começou toda a minha trajetória na comunicação.
Eu me interesso por comunicação e por trajetórias diferentes, porque a minha trajetória mesmo não é linear, então quero ver como que as outras pessoas seguiram suas carreiras e seguiram suas vidas para aprender com elas.
No final de 2021, fui fazer um intercâmbio e estava morando sozinho. Eu consumia muito podcast como uma forma de companhia. Fui começando a perceber o valor que tinham essas conversas informais, mas que duravam uma hora, uma hora e pouco. Também conseguia aprender muito com elas. Comecei a elaborar como que eu poderia fazer o meu próprio podcast. Eu achava que conseguiria mediar essa conversa, então comecei a pensar nesse formato parecido com o Podpah, como o Flow, trazendo um pouco o meu lado.
Uma coisa que eu fiz que me ajudou muito foi: desde o momento que eu tive a ideia e percebi que era possível fazer, comecei a comunicar pros meus amigos e pras pessoas que gostam de mim, minha família, etc. Porque eu queria que essas pessoas me forçassem a fazer se eu começasse a desistir.
Foi demorado para abrir o estúdio, mas foi bom para me preparar e para estar mais inteiro na hora de começar.
O tempo de preparação de seis meses foi, primeiro de preparar as entrevistas, como eu seria um entrevistador, estudar um pouco sobre isso, então consumir muito podcast, ver como cada apresentador faz. Segundo, pensar nos convidados, porque é um podcast de tema amplo, igual o Flow, o Podpah, o do Mano Brown, e eu queria entender qual seria a linha que iria seguir. Mas, principalmente, de montar o estúdio, de saber a parte operacional do negócio, de como gravar som, como editar, ter um canal aberto no YouTube, ter um canal no Spotify, como funciona com os cortes, o que vai bem, o que vai mal.
Aí é muito o meu critério, né? É o que acredito como o que é um bom jornalismo, o que é uma boa comunicação e o que não é.
Apesar de ser um podcast informal, eu levo muito a sério a informação e levo muito a sério a conduta que a pessoa tem na sua vida profissional.
Dou uma prioridade muito grande para a informação, para pessoas que têm uma credibilidade alta no seu meio de trabalho. E, principalmente, as pessoas que eu confio, que eu não vou ter que ficar cortando por fake news.
Meu podcast é de entrevista ‘barra’ conversa informal, tem muito apreço pela informação de qualidade, pela apuração e que pesquisa muito sobre os seus entrevistados antes de entrevistá-los. Mas que ao mesmo tempo deixa um clima gostoso para as pessoas se abrirem, ou pelo menos essa é a intenção, e para poderem compartilhar sobre o lado pessoal da vida, não só o profissional, e tudo que abarca a trajetória dessa pessoa.
Tive que gastar um dinheiro relativamente alto, para o que eu tinha na época. É (um custo) alto, mas eu também fiz um plano de criar um estúdio meu. Isso é um investimento maior inicial, mas que também reduz o custo por cada episódio, porque não tenho que alugar um estúdio nem nada.
Tem um jeito de fazer que vai reduzir muitos custos e que dá para iniciar, que é …. Até o próprio celular grava um áudio muito bom, e um vídeo muito bom. Dá para começar com o celular, você falando sobre sua vida na sua casa. Existe um meio de fazer com um orçamento muito baixo, com orçamento baixo, com orçamento médio, com orçamento muito alto, tem todas as escalas.
Tem várias videoaulas no YouTube que ensinam a montar um estúdio de todos os orçamentos possíveis. O YouTube é uma grande escola para mim de produção, de edição de vídeo, de tudo, até a parte jornalística mesmo. Então eu aprendo muito e vejo muito vídeo lá. Usem e abusem dessa ferramenta que é gratuita e é muito boa.
Para mim, o Reels é incrível quando você acerta. No meu podcast, a estratégia é pegar temas que estão atuais e que vão chamar atenção, também colocar nos primeiros segundos a parte mais relevante, que mais vai engajar. Eu preciso muito melhorar essa parte de rede social e a parte de edição de corte, isso eu realmente preciso entender melhor como funciona, e até aumentar a minha produtividade.
Algo que eu gostaria de saber antes de começar, é que é muito difícil conseguir público, para você conseguir um espaço ali na agenda da pessoa é muito difícil. Mas ao mesmo tempo, só olhar para o público não pode ser a sua métrica, porque você tem que, no mínimo, tirar proveito de outras coisas, das pessoas que você está conhecendo, de como você está se desenvolvendo como profissional. Então, olhe menos para o público, olhe mais para o seu produto. Se o seu produto é bom e você tem confiança nele, continua fazendo ele.
Vão ter momentos que você não vai querer continuar, porque você acha que não está valendo a pena, porque o público não engaja, porque você não ganha dinheiro com isso.
Mas aí você tem que ver o que te motiva. Se o que te motivar for só o público, só o dinheiro, só a audiência, realmente eu acho que vai ser difícil. Se o que te motivar vai ser crescer na carreira, se desenvolver como profissional, conhecer gente e produzir um produto legal mesmo, aí eu acho que tem muito mais chance de dar certo e é um jeito muito melhor de você continuar e de você ter força de vontade mesmo para continuar. Então, não desistam no começo. Eu estou há dois anos e várias vezes já tive vontade de desistir, porque é difícil, às vezes, você produzir um negócio que gasta dinheiro, que gasta muito tempo e tal, e você não vê um retorno do público muito grande em relação a isso.
Mas todas essas vezes que eu pensei em desistir, eu lembrei da emoção que eu sentia, emoção de verdade, que eu sentia ao terminar de gravar um podcast que eu gostava de gravar e isso me fazia continuar. Então, se você tem essa vontade, se você tem esse sentimento, essa emoção com o que você está fazendo, eu acho que tem muito chance de dar certo e eu acho que tem que continuar a fazer.
Ouça a entrevista na íntegra:
Acesse o Podcast Beckstage no YouTube e no Spotify!
Este conteúdo faz parte da Newsletter Pós na Cásper, uma iniciativa dos cursos de Pós-Graduação lato sensu da Faculdade Cásper Líbero, que informa e divulga as produções realizadas pelos estudantes que desejam aplicar o conhecimento adquirido em suas atividades profissionais nas organizações, ou querem realizar novos projetos, como transição de carreira ou inovação nas funções que já exercem. Iniciativas e perfis de docentes, além de agenda sobre eventos (como aulas magnas e abertas, mesas-redondas, oficinas, rodas de conversa, entre outros) também são o foco da publicação.
Para sugerir pautas para a newsletter, envie um e-mail para [email protected]. Para receber o boletim mensal, inscreva-se pelo formulário abaixo: