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O primeiro dia da 23ª Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero encerrou com a mesa Os desafios da Cobertura Cultural. A temática trouxe à voga o debate a respeito da cobertura da editoria de cultura dentro e fora dos ambientes digitais, tendo em vista a grande recepção dos conteúdos dos principais veículos e a migração das publicações para a nova plataforma. Rosane Pavan, editora de cultura da revista CartaCapital, Ivan Finotti, editor do caderno “Ilustrada”, do jornal Folha de S.Paulo e André Maleronka, editor da Vice Brasil, participaram do debate.

A linha editorial dos veículos e suas respectivas metodologias foram colocadas em pauta e cada convidado narrou a sua trajetória profissional, desde os tempos de estudante, até à administração editorial dos veículos.

Rosane Pavan, formada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA–USP) discorreu sobre sua vivência e militância aos anos finais do regime militar no Brasil, concomitantes à sua formação acadêmica, atrelada como importante influência no desempenho do seu trabalho. Quando estudante, Rosane teve participação ativa no Centro Acadêmico da ECA-USP, e participou da fundação de publicações dentro do campus. Ela destaca a formação acadêmica como fundamental no desempenho do jornalismo.

Em contraste ao repertório erudito da editora da CartaCapital, Finotti abordou principalmente a cobertura dos eventos considerados como “cultura de massa” presentes nas capas da “Ilustrada”. O editor contou da sua experiência em editorias não relacionadas diretamente à Cultura e destacou a ocasionalidade de hoje trabalhar com Jornalismo Cultural, apesar de nunca ter sido este o seu enfoque profissional. A carreira de Ivan começou no Notícias Populares, com a cobertura policial que era a tônica do jornal, passando por esportes até chegar ao caderno de cultura. Sobre o caderno de cultural da Folha de S.Paulo, Ivan fala que “A ‘Ilustrada’ traz equilíbrio para o público, afinal ‘o barato’ de uma boa leitura é se divertir”.

Maleronka, entre a adolescência punk, acompanhando os “Racionais” no Notícias Populares, e freelas jornalísticos, chegou à edição da Vice Brasil quando compreendeu a obsolescência da veiculação de conteúdos jornalísticos. O jornalista sentiu na pele a efemeridade da produção online. “Ganhava muito dinheiro com isso, publicando na internet, e de repente, vi que não era mais rentável como antes, pois a demanda apenas crescia e a competitividade aumentava.”

A reflexão da mesa acabou levando à discussão sobre o papel do jornalismo cultural hoje. De uma publicação impressa como a Folha de S.Paulo, que se pauta hoje pela repercussão online de suas matérias, à Vice, que se dedica inteiramente ao ambiente digital, a cobertura cultural tanto introduz novos autores, artistas e títulos aos seus leitores, quanto se transforma em uma agenda de atualização dos conteúdos requisitados pelos leitores – que, ao menos nessa editoria, costumam ser cativos dos veículos.