INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O PROCESSO SELETIVO 2024.2 Fechar
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Crédito: José Adorno

No dia primeiro de abril de 2014, o golpe civil-militar que derrubou o então presidente João Goulart completou cinquenta anos. Neste dia, logo cedo, a Faculdade recebeu no Teatro Cásper Líbero o jornalista e historiador Lúcio de Castro, acompanhado pelo ex-jogador Afonsinho. O debate foi mediado pelo professor de Jornalismo Básico do 1º ano Celso Unzelte.
De início, os alunos assistiram ao documentário Futebol nos Anos de Chumbo, roteirizado por Lúcio de Castro. O autor contou que todo o projeto surgiu a partir da curiosidade que tinha em entender como os militares utilizavam o futebol como artificio ideológico de promoção. O excepcional documentário tem como objetivo responder essa questão, entrando em temas como censura, explorando documentos e analisando a Copa de 1970.
O ex-jogador Afonsinho, que jogou durante o regime militar, nos contou como era a experiência, como era a vida dos jogadores nesta época e quais os movimentos protagonizados por eles durante os anos de chumbo. O “rebelde” pioneiro do futebol nos anos ditatoriais foi o primeiro jogador a obter o passe livre, isto é, liberdade de negociação do atleta com relação aos times. Seus longos cabelos, a barba cheia e as reivindicações chamaram a atenção dos militares, tanto que não foi escalado para a seleção das Copas de 70 e 74, o que claramente teria acontecido se não fosse o seu engajamento. Mas ele não guarda remorso e ainda hoje defende a luta política. “Rebeldia é um valor. Como é que a vida vai para frente sem mudança?”, declarou Afonsinho.
Lúcio compartilhou com os alunos sua experiência de produção do documentário, toda a pesquisa que fez e os documentos que encontrou durante este período. Um dos exemplos dados por ele foi a declaração em que Pelé apoia o regime militar e repudia o comunismo. Lúcio afirmou ainda que a pesquisa deve ser minuciosa, exige disciplina e metodologia, além de ser uma atividade pouco valorizada no país.
Celso Unzelte esclareceu que a Democracia Corinthiana, auto-gestão do time por parte dos jogadores contra o autoritarismo, surgiu na época mais branda da ditadura militar, quando participar da oposição era mais fácil do que no período de atuação de Afonsinho. Mas não desmereceu o movimento, disse que a Democracia é meio “Ame-a ou deixe-a”: muitos a idolatram demasiadamente enquanto outros menosprezam seu potencial contestador. Fechou seu raciocínio comentando que “(A Democracia Corinthiana) não era nem tão importante, nem tão insignificante”.
A relação entre futebol e ditadura, apesar de ser do conhecimento geral, ainda não havia sido estudada e divulgada através de um trabalho dirigido ao público. Há diversos detalhes que ainda não eram de conhecimento de todos, fazendo com que, inclusive, muitas questões não pudessem ser esclarecidas. Lúcio disponibilizou uma cópia em DVD de seu documentário para a biblioteca da faculdade. Além disso, seu trabalho pode ser assistido no YouTube.