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Palestrantes discutiram o futuro das revistas femininas.
Crédito: Vitor Leite

 

Na noite do segundo dia do ciclo de palestras da 21ª Semana de Jornalismo da Cásper Líbero, a Frente Feminista Casperiana Lisandra, em espaço cedido pelo Centro Acadêmico Vladmir Herzog, organizou quatro mesas simultâneas que abordaram temas pautados pelo feminismo e relacionados intrinsecamente com os meios jornalísticos e a mídia em geral. Uma das mesas focou o conteúdo veiculado em revistas rotuladas como femininas, e em como ele afeta suas leitoras. 

Para debater esse tema, foram convidados Déborah de Souza, que já passou por redações de revistas como Claudia e hoje é editora de comportamento da Marie Claire; Fernando Luna, com passagem pela revista Capricho e um dos idealizadores da revista Tpm; e Clara Averbuck, escritora, blogueira feminista e colaboradora da Carta Capital. Representando a Frente Feminista, também compôs a mesa a aluna Beatriz Cano, do 2º ano de Jornalismo da Cásper. A professora Drª Helena Jacob, mediadora da mesa, abriu o debate dizendo como o assunto lhe interessava pessoal e profissionalmente.

A discussão de início se dedicou ao futuro incerto do jornalismo impresso, que se encontra em crise. Faz sentido discutir o conteúdo das revistas, uma vez que elas estão fechando em abundância? Todos concordaram que sim, e nenhum dos convidados acredita que esse possa ser o fim das revistas como veículo  – crise, como Fernando Luna destacou, nada mais é que uma mudança, e o jornalismo passa por crises desde sua criação. 

Voltando ao foco do debate, Déborah de Souza destacou que o conteúdo das revistas femininas reflete a sociedade: “Esses valores que nós passamos na revista – eles estão pulverizados no cinema, na TV, na música… As revistas não existem num vácuo”. Clara Averbuck, por sua vez, reconheceu essa realidade, mas a criticou duramente: “A mudança tem que começar por algum lugar. Eu tento ter esse espaço positivo no meu blog, mas ele geralmente só atinge pessoas que concordam em algum nível comigo, salvo um ou outro indivíduo que chega lá por um compartilhamento de Facebook, por exemplo”.

Foram questionados os padrões de beleza sustentados por esses veículos, mostrando apenas modelos e atrizes brancas, geralmente loiras e magras ao extremo (“algumas parecem aquelas bonecas Monster High!”, comentou, indignada, Clara) e veiculando dietas que prometem perdas de peso significativas em pouco tempo; ou a conquista do que vem se chamando de “barriga negativa”. Sobre isso, Fernando Luna ponderou: “Estão vendendo ilusões. Tudo isso é mentira. Se qualquer outro segmento profissional fizesse promessas assim, seria sem dúvida processado pelo Procon”.

A complexidade do problema foi claramente exposta por Déborah: “Vejo uma esquizofrenia no conteúdo das revistas femininas. Num mês publica-se uma matéria com modelos plus size, defendendo a liberdade para ser feliz e a positividade de amar seu corpo. Mas algumas edições “mais pra frente”, as essas publicações voltam a dar dietas milagrosas novamente”.