No dia 3 de Setembro o Teatro Cásper Líbero abriu suas portas para mais uma noite da Semana de Jornalismo. O tema da vez foi “Jornalismo de Dados e Políticas Públicas em Comunicação”. Os convidados trouxeram visões diversas sobre o assunto, entre eles estão Patrícia Cornils, do coletivo Actantes; Fernanda Campagnucci, da Coordenadoria de Promoção da Integridade da Controladoria Geral do Município de São Paulo; Diego Rabatone, um dos idealizadores do projeto Basômetro do Estado de S.Paulo e Marco Túlio Pires, da Escola de Dados. A mediação foi do professor de Ciência Política da casa, João Alexandre Peschanski.

O professor Peschanski foi quem abriu a fala questionando quais seriam os elementos centrais da internet, além de suas fronteiras e desafios atualmente. Em seguida, Patrícia Cornils explicou que o trabalho dela na Actantes é compartilhar sua experiência para a conscientização do maior número de pessoas sobre como a internet necessita ser regulamentada para respeitar nosso espaço privado e avançar na democracia: “as nossas informações que estão na rede não são a parte de nós, mas são como uma extensão da gente e da nossa privacidade”, explica.

Fernanda Campagnucci contribuiu com o debate colocando outro ponto relevante para a discussão: como informações do sistema público podem e devem ser abertas para que a sociedade civil acompanhe as medidas feitas. No caso de Fernanda, o trabalho na Controladoria Geral do Munícipio coloca essa visão na prática a partir da aprovação da Lei nº12.527 de Acesso a Informação, que consiste na abertura de dados de relevância e interesse público, sendo produzidos por entidades públicas e até mesmo privadas, que não possuem fins lucrativos. Fernanda explica ainda que o contraponto da discussão de privacidade por seus usuários é de natureza distinta. “Existem algumas diferenças fundamentais, a distinção entre interesse público e privacidade de rede é uma delas”, explica.

Diego Rabatone preferiu falar do tema sob a perspectiva do trabalho do jornalista que, em sua opinião, deve presar por entender a mutidisciplinariedade, ou seja, em como diversas áreas integradas podem ajudar o profissional a encontrar tendências e ressaltar isso para seu público, como foi feito na plataforma Basômetro (http://estadaodados.com/basometro/). Ademais, Diego também ressaltou a importância da privacidade na rede e em como, mesmo sem percebermos, possuímos informações privadas expostas, como nosso endereço, imagens e preferências: combustível central da publicidade e de empresas no setor.

Por último, Marco Túlio Pires da Escola de Dados explicou como este tipo de jornalismo pode ser pensado em algo mais complexo e não só baseado em qualquer grupo de números e que, o trabalho do profissional pode levar tempo em pesquisa e averiguação. Dentre as plataformas consideradas exemplares, Marco destacou a InfoAmazonia (http://infoamazonia.org), famosa por denunciar casos de desmatamento na Amazônia e contar com a colaboração de seus internautas no mapeamento.

De coletivos e entidades diferentes, os convidados da mesa concederam um panorama rico para o público, que além de entender que a privacidade não deve ser restringida ao espaço recluso do espaço privado, também deve ser pensada em políticas públicas que contribuam para um importante avanço para a democracia.