UM JORNALISTA A SERVIÇO DA HISTÓRIA
O livro A revista no Brasil do século XIX: a história das publicações, do leitor e da identidade do brasileiro (editora Alameda), do jornalista Carlos Costa, resulta de uma opção ousada. Num tempo em que boa parte do estudo e da pesquisa historiográfica se volta para a micro-história, para a redução dos focos de estudo e para a ultraespecialização, aqui temos o oposto. Temos o panorama aberto.
Carlos Costa fez, ao longo de alguns anos, minuciosas expedições a bibliotecas e acervos, examinou milhares de páginas em meia centena de publicações amareladas pelo tempo, anotou, cruzou informações e buscou teoria.
Como resultado, apresenta uma detalhada narrativa sobre a formação de parte decisiva da imprensa brasileira ao longo do século XIX e a constituição do público leitor num país com altas taxas de analfabetismo e reduzido mercado interno. E mostra algo que deveria ser óbvio, mas não é: a imprensa brasileira nasce, se desenvolve e se consolida em sintonia com a formação da nação.
O período compreendido entre a chegada da família real, em 1808, e os anos iniciais da República é marcado não apenas por transformações estruturais na sociedade, mas também pelo rompimento dos laços coloniais, a manutenção da unidade territorial, o fim da escravidão e a formação do mercado interno. É caracterizado também por mudanças na percepção que os habitantes dessas latitudes tinham de si, de seus semelhantes e do lugar onde viviam. Percebem-se brasileiros.
Pelo menos quatro eventos consolidam a descoberta. O primeiro é o tráfico interprovincial de escravos a partir de 1850. Vendidos de uma região a outra, os trabalhadores cativos começam a sentir que o isolamento das fazendas não é o limite de seus horizontes. O segundo é a Guerra do Paraguai (1864-1870)
Chamados – na parte das vezes à força – para defender o que era inicialmente uma abstração, os sobreviventes passam a entender que lutavam por uma comunidade maior do que imaginavam. Em terceiro, há o recenseamento de 1872, algo inédito nessas terras. Os dados coletados dão tinturas racionais àquelas sensações subjetivas.
Um quarto elemento é o desenvolvimento dos meios impressos. Além de reportar e difundir acontecimentos e ideias, eles se tornam fatores importantes na consolidação de uma opinião pública atuante que se manifestaria na campanha abolicionista, a partir de 1880.
Carlos Costa percorre esse caminho na companhia de personagens fascinantes, histórias rocambolescas e publicações inusitadas. Titular de longa carreira em algumas das mais importantes publicações brasileiras, ele exerce aqui dois ofícios com extrema competência. Um é o de historiador atento. O outro é o de jornalista rigoroso que sabe conduzir o leitor pelos labirintos empolgantes de uma grande reportagem.
Lançamento do Livro “A Revista no Brasil do Século XIX”
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