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“O nome desse encontro deveria ter mais um zero, porque, na verdade, as relações entre o os dois países se iniciaram há cerca de 200 anos”. Foi assim que o jornalista Carlos Tavares de Oliveira iniciou a sua participação na terceira parte do Fórum, com o tema “O futuro da parceria Brasil-China após os 20 primeiros anos: os caminhos a percorrer”. A mesa foi mediada pelo professor J.B. Natali e também contou com a presença do geógrafo Vladimir Pomar e Sérgio Barbado, assessor de Carlos.

Com mais de 60 anos de experiência no comércio internacional, Carlos Tavares frisou que a China esteve presente em nosso país desde a vinda de D. João VI para o Rio de Janeiro, em 1808. De acordo com ele, “em 1809 já havia trabalhadores chineses no Brasil” – que, inclusive, introduziram aqui sistemas agrícolas como a plantação em fileiras – e deixaram o Jardim Botânico, no Rio, como legado.

Para Carlos, o Brasil deve seguir as experiências positivas da China, “copiar o que dá certo”, como mencionou. Exemplo disso são os acordos setoriais com a Itália, “deixando ideologias de lado em prol da economia” e os pesados investimentos em educação na época do líder comunista Deng Xiaoping. Ele também destacou o fato de que, hoje, a China é o maior parceiro comercial de 124 países e também o maior produtor de aço do mundo.

As relações empresariais

Nos últimos dez anos, o comércio entre Brasil e China aumentou, em média, 40% ao ano. Parte desse crescimento se deve ao esforço de Vladimir Pomar, geógrafo de formação que trabalha há 16 anos com a atração de investimentos chineses no Brasil e já visitou cerca de 40 cidades do país. Em palestra na terceira mesa do evento, Pomar discutiu a “inoperância do Brasil” com relação ao comércio chinês. “São os chineses quem pesquisam, visitam os lugares e propõe negócio. Eles têm iniciativas e o Brasil também precisa disso”, explica.

Segundo Pomar – que edita a revista Negócios com o Brasil, publicada em chinês – há cerca de 20 mil empresas chinesas que negociam com o Brasil, enquanto somente 1500 brasileiras investem no comércio chinês. “Apesar de termos mais de 100 produtos que podem ser vendidos para a China, nós ainda somos muito mais compradores que vendedores.” afirma. Mesmo acreditando que “qualquer decisão em relação à China é estratégica”, o profissional de marketing revela a “dificuldade de convencer o empresariado a investir e apostar” lá. A razão disto seria a situação cômoda do Brasil: “Os chineses precisam, por isso vêm atrás. O Brasil é muito voltado para dentro.”

Foram apresentadas algumas táticas que, na visão de Pomar, facilitariam o comércio entre empresas brasileiras e mercado chinês, como o aprendizado do mandarim, a presença do empresariado em feiras comerciais realizadas na China e o estudo do mercado e da cultura do país. Vladimir Pomar também demonstrou insatisfação com a presença estereotipada da China nos noticiários brasileiros. “Há vinte anos que só leio bobagem sobre o mercado chinês na imprensa do Brasil.” reflete. “Se nos basearmos em noticiários, vamos saber somente dos preconceitos sobre a China.”