Na terça-feira, primeiro de abril, a Faculdade Cásper Líbero foi palco de um importante debate a respeito do filme Pra Frente Brasil, do diretor Roberto Farias. A exibição e discussão do filme ocorreram na semana dedicada ao tema “50 anos do golpe”, que relembrou os anos de ditadura militar, bem como seus antecedentes e suas implicações no momento atual brasileiro.
Na tarde de terça, quem compareceu à sala Aloysio Biondi pôde assistir ao filme e contar com a presença do professor e estudioso do golpe, Bruno Hingst, para debater e tirar dúvidas sobre o longa-metragem.
Pra Frente Brasil é um drama ficcional de 1982, que conta, em detalhes, as barbáries praticadas por torturadores. No filme, o cidadão pacato, vivido por Reginaldo Faria, pega um táxi com um desconhecido, que está sendo procurado por ser inimigo do Estado. Ao caminho do centro de São Paulo, o veículo é parado por homens armados que atiram deliberadamente, matando o homem com quem Jofre (personagem de Reginaldo Faria) estava e levando-o preso. Jofre é torturado até a morte, e sua família é obrigada a mudar de país.
O filme conta também com outros grandes nomes do cinema brasileiro como Elizabeth Savalla e Antônio Fagundes.
Em debate, Bruno Hingst apontou que o golpe foi militar, mas teve um alto caráter socioeconômico, que em sua opinião é um fato “esquecido” pela maioria: “O golpe foi encabeçado pelo exército e apoiado pelos grandes empresários”, disse o estudioso. A dimensão da estrutura paramilitar também foi relatada, bem como a truculência do DOPS (Departamento de Ordem e Política Social) e do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna).
A obra foi inteiramente produzida pela extinta Embrafilme, empresa mantida com o dinheiro do governo. O filme, portanto, deveria elogiar o regime, mostrar saudosamente os grandes feitos dos militares, o milagre econômico e as melhorias; suprimindo, é claro, a violência dos tempos de chumbo. Entretanto, apesar de não se posicionar contra ou a favor, o filme mostra o que, por anos, foi escondido da maior parte da população: tortura, violência e a ausência total da liberdade de expressão.
A iniciativa de promover encontros para debater os 50 anos do golpe militar não é uma comemoração, e sim uma pausa para reflexão, para evitar que um regime tão truculento volte a governar o Brasil no futuro, afinal, como frisou Bruno Hingst: “Uma visão militar é uma visão que o país não precisa nunca mais”.