“Sou paulistano, tenho 35 anos e sou um dos poucos profissionais da comunicação que não toma café”, brinca Joubert Brito logo na primeira pergunta da entrevista. Com sorriso no rosto e um certo jeito frenético de ser – ele está sempre correndo pela faculdade. Joubert divide comigo suas experiências profissionais, manias, e, claro, o sonho de fazer parte da Cásper. O que tinha sido planejado como uma entrevista comum no estilo “pergunta” e “resposta”, foi se tornando, a cada cadência do fraseado, uma prazerosa conversa. Entre sorrisos e gestos no ar, ele conta que sempre se interessou por cinema, animação e cultura: “Acho que foi isso que me levou para a área da comunicação”, comenta.
Palmeirense e paulistano assumido, ele entrega: “Sou paulistano da gema mesmo, moro na Mooca e falo meu”. Também revela que, desde adolescente, já sonhava em fazer parte da família da Cásper, mas iniciou sua graduação em Publicidade na Faculdade Cruzeiro do Sul, tendo concluído o curso em 2002. Dentro do ambiente acadêmico, mostrou-se muito curioso, realizando pesquisas acadêmicas que culminaram num TCC sobre a marca Aji-no-moto. Seu último estágio no período da graduação foi o caminho para seu primeiro emprego efetivo na área de marketing. “No Jornal Diário de S. Paulo eu aprendi muito e pude criar um network. Foi um verdadeiro start na carreira”, comenta. Cinco anos depois da mídia impressa, ele já lecionava como professor em outras instituições e, com 25 anos, iniciou sua pós-graduação, agora na Casa de Cásper Líbero.
De lá pra cá sua relação com a Fundação só aumentou, tanto profissional quanto sentimental. Com 10 anos de casa, ele passou de aluno para professor, vice coordenador de Publicidade e Propaganda, atual coordenador do curso e coordenador da área de marketing da TV Gazeta. “Trabalhar em diferentes áreas da comunicação é muito desafiador, tenho que tentar ‘desligar as chaves’ para cada setor que vou, mas, pra mim nada é separado. Aqui eu sou professor e continuo sendo aluno! Aprendo coisas novas todos os dias, é muito estimulante.”
Ao ser perguntado sobre a relação que tem com a cidade, Joubert confessa que a Avenida Paulista é um ambiente inspirador: “aqui há um ‘ar’ muito especial”, mas reforça o desgosto pela bebida mais querida dos profissionais da comunicação “Tudo no nosso meio é convidativo pro café, mas eu realmente não gosto”.
Especialista em mídia, dentro da sala de aula Joubert enfatiza a importância da conversa entre o meio acadêmico e o mercado publicitário e tenta, a cada novo slide, desconstruir a aparente dicotomia entre eles. “Há uns 3 anos eu me sentia muito incomodado com a presença do celular em sala de aula, hoje os alunos usam o celular para fazer exercícios de pesquisa de dados em aplicativos específicos. Eu tento trazer a selva de pedras pra dentro da sala de aula, com essa convergência de mídias, não podemos mais fragmentar as coisas. A mídia digital já está mudando a relação interpessoal e esse aparelhinho aqui – diz apontando pro celular – tem uma potência gigantesca.” Pensando nessa realidade de comunicação digital, seu mestrado, “O Ecossistema da 5ª tela” (concluído em 2013 na Faculdade Cásper Líbero), buscou entender o fenômeno de convergência de mídias para uma única tela, a do móbile, criando, ao mesmo tempo, um novo veículo de comunicação – chamado Mídia OOH.
Joubert não faz parte da geração Y, mas bem que poderia ser! Amante de televisão, passa suas noites com iPad, PC, TV e celular ligados ao mesmo tempo. De aluno, virou professor, e mesmo não tendo feito graduação na Cásper, já foi ao Juca três vezes: “acho legal entender o universo dos alunos e brinco com isso o tempo todo nas aulas, não quero passar um conteúdo maçante, a publicidade não pode ser chata. Ela tem que transitar pela rotina das pessoas. Sempre digo aos alunos que eles estão aqui na faculdade pra pensar propaganda e não pra executá-la”. Ao todo são 95 TCC’s já orientados, e 400 alunos de 8 turmas diferentes do curso de Publicidade de Propaganda. Os próximos planos? Concluir o doutorado e viajar: “a viagem é um dos melhores investimentos que eu faço”. Tudo isso alternando congressos, palestras e eventos acadêmicos diários, “sou multitarefa mesmo, de fato eu vivo e respiro a Faculdade”, completa.