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Alex Gruli, Otávio Martins e Ninho Moraes | Crédito: Yuri Andreoli

Na noite de terça-feira (11), o segundo dia da 9ª Semana do Audiovisual teve como tema de discussão o teatro e o audiovisual. Realizado no Teatro Cásper Líbero, o debate contou com a presença de Otávio Martins e Alex Gruli, criadores, produtores e roteiristas do programa “Partiu shopping”, que estreou em junho pelo canal “Multishow”.

Otávio Martins, roteirista e diretor do programa, iniciou sua fala recordando a trajetória do “Multishow”, que passou de um canal musical muito semelhante à MTV ao atual viés cômico dos programas apresentados. O primeiro sucesso deste formato foi o programa “Vai que cola” com Paulo Gustavo, que fez o canal subir da 25ª posição para a 7ª em audiência de canais da TV a cabo. Em junho desse ano, o programa “Partiu shopping” estreou como a nova aposta do canal, contando com os humoristas Tom Cavalcante e Nany People no elenco.

O programa tem o formato de teleteatro: os atores ensaiam o texto e as marcações em um dia e gravam ao vivo no outro, sem cortes. “A gente não tinha tempo nem pra ficar doente” disse Alex Gruli sobre a intensa maratona de gravações. Ele conta ainda que muito da improvisação, que tanto sucesso faz em programas cômicos, surge nos ensaios e eles tentam manter a espontaneidade desses momentos nas gravações, para parecer que o momento surgiu ao acaso.

Sobre a interação da TV com a Internet, Otávio Martins assume que hoje não há possibilidade de fazer conteúdo para TV sem a ponte para o formato digital. Ele compara a ascensão da Internet com a transição do formato da música em CD para a música digital no iTunes e no iPod. “Se a televisão não trabalhar em conjunto com a Internet, sua audiência cairá cada vez mais. Os espectadores têm buscado outras plataformas e outros conteúdos” afirmou Otávio. Para concretizar essa necessidade, os integrantes do elenco postam fotos e vídeos durante a gravação do programa. “Se uma pessoa da plateia pode tirar uma foto, fazer um vídeo e postar ali, na hora, porque o ator também não poderia? Isso não acaba com a exclusividade do episódio, só fomenta a curiosidade do espectador” comentou Otávio.

Otávio fez uma provocação muito interessante ao afirmar durante o debate que comédia não é para descansar a mente, mas para produzir juízo crítico. “A produção deve conhecer muito bem seu público alvo para saber que tipo de piada fazer. Quanto mais referências culturais o público tem, mais ele vai exigir de uma piada” diz Otávio após afirmar que o programa é direcionado à Classe C.

“Para fazer comédia é necessário ter rigor, mas também, em alguns momentos, saber quebrar o rigor”, finalizou para a plateia de alunos e professores do curso de Rádio, Televisão e Internet.