Por Lucas Valença, Estagiário do Núcleo de Mídias Digitais.
A cobertura de debates eleitorais, especialmente em uma cidade tão importante como São Paulo, exige dos jornalistas um compromisso contínuo com a imparcialidade. No cenário atual, que é cada vez mais marcado pela disseminação de fake news e por um ambiente político altamente polarizado, o papel da mídia na cobertura de eleições se torna ainda mais essencial para garantir que os eleitores tenham acesso a informações corretas e equilibradas.
Em tempos de fake news, cobrir as eleições de maneira imparcial é uma tarefa extremamente complexa. De um lado, os jornalistas enfrentam constante pressão para escolher entre reportar fatos relevantes ao público; de outro lado, podem acabar cedendo ao sensacionalismo das notícias que se espalham nas redes sociais. Esse dilema se intensifica ainda mais durante os debates eleitorais, onde a tensão entre os candidatos, e até mesmo agressões verbais, podem desviar a atenção dos temas que são realmente importantes para as eleições.
Com isso, Fernanda Azevedo, jornalista da TV Gazeta e pós-graduada na Cásper, ressalta que o jornalismo tradicional enfrenta um desafio: adaptar-se à era digital. Ela comenta:
“O jornalismo mais tradicional está enfrentando o desafio de lidar com as mídias digitais, que não têm uma legislação clara no Brasil. Isso afeta diretamente a relação entre eleitor e candidato, e vimos exemplos nessa eleição de candidatos que alçaram voos altos a partir dessas plataformas. A falta de presença do jornalismo sério e tradicional nessas mídias deu brecha para a ridicularização que vimos nos debates, algo que já estamos acostumados a ver na internet, e agora em rede nacional.”
Diante disso, o papel do jornalista torna-se ainda mais desafiador, pois ele precisa encontrar o equilíbrio entre informar e, ao mesmo tempo, manter a responsabilidade de evitar que a cobertura das eleições se torne um espetáculo sensacionalista.
A imparcialidade é, portanto, fundamental para quem cobre ou modera um debate. O jornalista que faz a mediação precisa garantir que os candidatos sejam tratados igualmente, além de manter a ordem e evitar que ocorram ofensas pessoais. Como vimos recentemente, nestas eleições, no debate para a Prefeitura de São Paulo, a agressividade e o uso de linguagem inadequada comprometeram o ambiente democrático, gerando manchetes que não tratavam das propostas para a maior cidade da América Latina, desviando-se do foco essencial das eleições.
Além disso, o jornalista responsável por fazer perguntas aos candidatos tem o desafio constante de conduzir a discussão para temas que realmente importam ao público. Ele precisa, portanto, garantir que o debate volte ao centro das propostas, fugindo das armadilhas e desordem que frequentemente tomam conta dos debates nas eleições.
Outro papel crucial é o do jornalista que faz a cobertura do debate após sua transmissão. Em muitos casos, ele se encontra diante de uma escolha difícil: relatar os pontos positivos e as propostas que, embora escassas, foram apresentadas pelos candidatos, ou focar nos acontecimentos mais caóticos, como as brigas e insultos que inevitavelmente ganham mais atenção nas redes sociais. Esse dilema reflete, cada vez mais, a crescente preocupação com a desinformação e o impacto das fake news no cenário político global, especialmente durante períodos eleitorais.
Fernanda Azevedo observa que esse fenômeno está diretamente ligado à falta de regulamentação nas redes sociais e à ausência de mecanismos eficazes de fiscalização por parte das autoridades eleitorais:
“Além dos jornalistas, a Justiça Eleitoral e a legislação precisam ter um papel mais presente. Isso evitaria que candidatos usem as redes durante as eleições para manipular eleitores com fake news e ataques cibernéticos, o que afeta diretamente a formação da opinião pública.”
Ela também alerta para o impacto que isso tem na formação da opinião dos eleitores jovens, que consomem menos conteúdo tradicional:
“Cada vez mais, o eleitor é jovem e consome menos conteúdo tradicional e mais redes sociais. A proliferação da desinformação e a má postura dos candidatos nos debates têm consequências diretas na forma como esses eleitores formam suas opiniões.”
O jornalista, mais do que nunca, protege a democracia em um cenário onde a desinformação se espalha rapidamente. A cobertura de eleições e debates políticos deve, portanto, focar em informar o eleitor de maneira clara, colocando os interesses da sociedade em primeiro lugar. Essa missão exige, acima de tudo, preparo e comprometimento com a verdade.
Segundo Eduardo Nunomura, professor da Cásper Líbero, o papel do jornalista se torna ainda mais crítico em um contexto de eleições com extrema polarização política:
“O jornalismo tem o dever de ser uma âncora para a verdade em meio à turbulência das fake news e da desinformação. Proteger a democracia é garantir que o eleitor tenha acesso a informações claras e equilibradas para tomar decisões conscientes.”
A Cásper Líbero oferece uma formação completa para quem deseja atuar no jornalismo com ética e imparcialidade. Na Cásper, você aprenderá a navegar pelos desafios da era da desinformação, garantindo uma cobertura justa e precisa dos fatos. Prepare-se para um mercado em constante evolução e faça parte da próxima geração de jornalistas que protegerão a verdade. Inscreva-se no vestibular e venha fazer parte dessa história!