No último dia da 10ª Semana do Audiovisual, a manhã do dia 26 de agosto foi repleta de um olhar crítico acerca da televisão brasileira. Mediada pelo professor Julio Cesar Fernandes, a mesa de debates contou com a presença do jornalista e crítico de televisão que assina colunas no UOL e na Folha de S.Paulo, Mauricio Stycer, e da Profa. Dra. Esther Hamburguer, docente e pesquisadora da Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP).
Qual a importância de um olhar crítico sobre a televisão e, especificamente, a brasileira, foi o pontapé inicial para as discussões. Esther acredita que a crítica deve ser vista como uma referência sobre o que é feito. A interlocução entre crítico e direção é fundamental, na visão da pesquisadora, uma vez que auxilia no processo de entendimento do que o público está sentindo sobre o produto audiovisual.
Em contrapartida, as críticas direcionadas para a televisão brasileira têm pouco espaço na mídia hegemônica, uma vez que, em sua maioria, é tratada como “pauta quente”, com prazo de validade baixo devido a rapidez e agilidade dos programas televisivos, e é vista com preconceito e desconfiança por se tratar de um meio de comunicação popular.
Para Stycer, a relação entre os brasileiros e a televisão é conflituosa. Devido ao fato dela ter sido, por muito tempo, o único meio de comunicação com grande abrangência, criou-se uma cultura televisiva muito forte no país, findando por influenciar as ações sociais em grande medida. Dessa forma, torna-se complicado falar sobre algo que é amplamente comentado e assistido. “A televisão é um meio muito sensível e é difícil explicar porque está ou não gostando de algum produto. É uma “coisa cultural”, afirmou o crítico.
É unânime entre os presentes que deve existir um distanciamento entre os críticos, os telespectadores e os produtos analisados/assistidos. Entender o que o produto audiovisual quer ser e como ele é, na sua essência, deve ser um sentimento anterior ao que se espera de tal obra. Essa é a postura ideal de um excelente crítico e de um bom telespectador, na busca por filtrar o melhor que esses programas podem transmitir.