Nesta terça-feira, 30/09, em paralelo às palestras de Jornalismo Cultural e Jornalismo na Academia, ocorreu também uma entusiasmada mesa debatendo sobre Assessoria de Imprensa, tema que vem tomando cada vez mais força.
Mediado pelo professor licenciado de administração de produtos editoriais do curso de jornalismo da Cásper, Renato Delmanto, o encontro contou com a participação de Giovanna Gerin, da empresa de assessoria Idearia, Lúcia Faria, proprietária da empresa LF Assessoria, Celso Teixeira, diretor nacional de comunicações da TV Record, e o professor Sérgio Andreucci, coordenador do curso de relações públicas da Cásper Líbero.
Os convidados trataram, desde o início, de quebrar o preconceito que muitos jornalistas têm contra a comunicação corporativa. Celso Teixeira, que teve importante atuação como repórter há 25 anos, afirmou: “Na assessoria, aprendi a me comunicar melhor e, hoje, tenho muito mais domínio sobre o meu material de trabalho do que na época de repórter”. Giovanna Gerin também seguiu pelo mesmo caminho: “Quando eu entrei na faculdade de jornalismo, queria trabalhar em uma redação, jamais com assessoria. Mas, a partir do momento em que você tira essa visão preconceituosa, entra na assessoria e se engaja de verdade, isso muda muito. Hoje eu gosto muito da assessoria, tenho ampla liberdade para criar pautas para colocar o cliente em destaque”. Ela ainda completou, diferenciando duas ramificações da comunicação corporativa: a comunicação interna e a assessoria de imprensa. Para Giovanna, a primeira é mais “engessada e limitada”, enquanto a segunda é muito mais “dinâmica e interessante”.
O professor Sérgio Andreucci, profissional de relações públicas, observou que, na atualidade, vivemos um movimento de mercado muito interessante: a integração entre as diversas áreas de comunicação. “As agências, hoje, trabalham de maneira integrada. Nós nunca estivemos tão próximos: o jornalismo, as relações públicas e a publicidade”. Essa flexibilização, para Andreucci, vem sendo influenciada pela criação da ABRACOM (Associação Brasileira das Agências de Comunicação).
Andreucci, além de professor, é proprietário de uma empresa de comunicação corporativa do setor elétrico: “Meu trabalho é justamente nessa questão de relações públicas com comunidades atingidas por grandes empreendimentos (como a Usina Belo Monte), principalmente na parte ambiental”. Gerir crises é a especialidade de Sérgio Andreucci e é, aliás, algo indispensável para quem quer trabalhar com assessoria de imprensa. “Nossa principal função é criar a reputação do nosso produto ou cliente e de zelar por sua imagem”, disse Lúcia Faria. Ela também destacou que, independentemente do tipo de produto com o qual o assessor trabalha, as ferramentas são quase sempre as mesmas: “Você sempre vai precisar preparar um porta-voz, reverter crises, criar uma boa imagem”.
Durante o debate, alguns alunos da Faculdade puderam fazer perguntas aos presentes. Em uma delas, uma aluna abordou o tema das assessorias dos candidatos das eleições, citando o exemplo da tentativa da campanha de Dilma Rousseff de “desconstruir” a imagem da candidata Marina Silva. “Houve um grande trabalho de apuração da trajetória da Marina por parte da equipe da presidente”, disse Celso Teixeira, lembrando que o marqueteiro da candidata Dilma, João Santana, é repórter. E ainda concluiu: “A maioria das campanhas políticas, hoje, são coordenadas por jornalistas. O único problema está na medida dessas acusações, que às vezes podem ultrapassar os limites éticos”.
Outra aluna abordou o tema de assessoria da internet (blogs e redes sociais). Em resposta, Giovanna Gerin citou que sua empresa atende muitos clientes do ramo gastronômico, e que muitas vezes conta com alguns blogueiros para visitar o estabelecimento e escrever sobre ele. “Recentemente, houve o caso de uma blogueira, Gabriela Pugliesi, que visitou um restaurante, tirou fotos, elogiou os pratos e postou um texto em seu blog. Nos dias seguintes, o movimento no estabelecimento foi impressionante, com aumento significativo. A divulgação na internet é muito grande e precisa ser mais bem explorada pelas assessorias”.
No final do debate, os convidados deram suas considerações e despedidas. Lúcia Faria falou que a profissão de assessor precisa adquirir certo “glamour” para crescer, mas que se sentiu satisfeita com a presença e participação dos alunos. Celso Teixeira comentou sobre sua paixão pelo jornalismo, que só aumentou quando ele passou a ser assessor na Record: “Não deixei de ser jornalista na assessoria. Muito pelo contrário!” Já o professor Sérgio Andreucci terminou falando sobre o mercado: “É ele (o mercado) que dita as regras, e quem tem competência e esforço se estabelece”. Para ele, a comunicação integrada é o caminho para o sucesso. Por fim, o professor Renato Delmanto ressaltou que é possível ser assessor sem deixar de ser jornalista, e que não há desvio ético nenhum em defender uma empresa. “Não é demérito trabalhar nesse meio.”