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 Crédito: Júlia Barbon

Sérgio Dávila, da Folha, já venceu um Prêmio Esso
Crédito: Júlia Barbon

Abrindo o ano letivo de 2014, a Faculdade Cásper Líbero convidou para a Aula Magna de Jornalismo, no dia 26 de fevereiro, o editor-executivo da Folha de S.Paulo, Sérgio Dávila, e o secretário de redação do mesmo veículo, Vinicius Mota. As palestras foram mediadas pelo professor e coordenador do curso de jornalismo Carlos Costa. Os profissionais compartilharam suas trajetórias e experiências e discutiram sobre o contexto do jornalismo atual e o papel da Folha.

Ambos os jornalistas carregam uma bagagem extensa. Sérgio Dávila, que palestrou no período matutino, cobriu em 20 anos de profissão as duas eleições do presidente norte-americano George W. Bush e a primeira vitória de Barack Obama. Vencedor de um Prêmio Esso, também reportou o atentado de 11 de setembro e foi o único repórter brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque em Bagdá. Vinicius Mota, que conversou com os alunos do período noturno, contou que também chegou a cobrir a reeleição de Bush, além da morte de João Paulo II e os atentados de 2005 em Londres.

Dávila iniciou sua carreira pelo Curso Abril de Jornalismo, de onde foi escolhido para trabalhar nas revistas Playboy e, depois, Veja São Paulo. Foi ainda editor da “Ilustrada”, caderno cultural da Folha, e correspondente internacional deste jornal de 2000 a 2010, quando voltou ao Brasil para assumir o cargo que ocupa até hoje. 

 Crédito: Roberta Minhoto

Vinicius Mota contou que lê jornais desde os 13 anos 
Crédito: Roberta Minhoto

 

Já Vinicius Mota contou que lia jornais impressos desde os 13 anos. Foi contratado a partir do programa de trainee da Folha e chegou a ser editor de opinião, onde era responsável por coordenar os editoriais, e também do caderno “Mundo”, um dos trabalhos que mais marcou a sua carreira.

Os dois revelaram uma visão otimista com relação ao jornalismo multimídia. Sérgio Dávila frisou o fato de que o número de assinantes do paywall da Folha, implementado em junho de 2012, aumentou 20 vezes em um ano. Vinicius Mota concorda: “O paywall não desestimulou a leitura, pelo contrário, estimulou as assinaturas”, mas levantou também a questão de que o tempo é um obstáculo à qualidade dos conteúdos digitais.

Eles explicaram o sucesso da plataforma online pela reputação de confiabilidade e profissionalismo que a Folha carrega e defenderam a posição do jornal de cobrar pelo conteúdo publicado, já que o investimento é alto e os jornalistas precisam ser bem remunerados.

Sobre as transformações que marcam a profissão nos tempos atuais, o editor-executivo disse ser bastante otimista. “Os princípios do jornalismo não mudaram, o que mudou foi a maneira de exercê-lo”, afirmou ele. E completou: “A semelhança entre o repórter de antigamente e o repórter de hoje é a apuração. A nossa profissão não vai acabar, ela não está em crise”.

Segundo Dávila, há duas funções que são inerentes ao jornalista e não estão em xeque. A primeira é o seu papel curador: é imprescindível que ele seja o responsável pela hierarquização das informações. A segunda é a sua função social: o jornalista deve apresentar o contraditório ao leitor para que ele tenha contato com outras realidades e assim estimular o debate crítico e o reconhecimento de opiniões divergentes. Vinicius Mota disse repudiar qualquer tipo de censura e defendeu a imparcialidade no jornalismo.

Os palestrantes responderam às questões dos alunos e também falaram sobre o trabalho de correspondentes internacionais, mídias alternativas e polêmicas envolvendo a Folha de S.Paulo. “De todas as mesas que conduzi, nenhuma teve tanta participação por parte dos alunos”, concluiu o mediador Carlos Costa.