11.876,73 km. Essa é a exata distância que separa o prédio da TV Gazeta do estádio de Lusail, na cidade homônima no Qatar. E foi justamente essa a quilometragem percorrida pelas notícias de Alexandre Silvestre e Tiago Salazar, correspondentes esportivos da TV Gazeta, responsáveis pela cobertura da Copa do Mundo de 2022.
Mas, como fazer com que as informações atravessem continentes e oceanos para chegar diretamente ao espectador brasileiro? Para responder isso, estudantes do curso de Jornalismo Esportivo da Faculdade Cásper Líbero e participantes externos puderam ouvir as histórias e os desafios desses jornalistas em aula aberta realizada em maio de 2024, com mediação da gerente de esportes, jornalista e professora Michelle Giannella.
“Minha experiência na aula aberta da Michelle Giannella foi muito enriquecedora. Gostei especialmente de como ela organizou a palestra”, disse Leonardo Wisniewski, estudante da pós-graduação em Jornalismo Esportivo na Cásper.
A dinâmica da aula ocorreu a partir de uma conversa inicial entre os três palestrantes, seguida por um momento aberto a perguntas dos que estavam na sala Aloysio Biondi.
“O objetivo dessa aula é contar e mostrar um pouquinho como foi o nosso processo de cobertura da Copa do Mundo”, disse Michelle ao abrir a aula.
Alexandre Silvestre, setorista do Palmeiras e comentarista na programação da TV Gazeta, foi ao Qatar em 2022 ao lado de Tiago Salazar, setorista do Corinthians e comentarista também do canal. Juntos, eles contaram todos os desafios, prazeres, aventuras, momentos bons e ruins envolvidos na cobertura do maior evento esportivo do mundo, sediado pela primeira vez no Oriente Médio.
O Qatar é pequeno, tendo apenas 11.571 km² de extensão, pouco mais do dobro do tamanho do Distrito Federal, sendo em torno de 733 vezes menor que o Brasil. Ademais, grande parte da infraestrutura da Copa foi construída já com o torneio em mente, já que o país não tem uma grande tradição futebolística. Um bom exemplo é o Estádio 974, que foi desmontado logo após o fim da competição.
Mesmo assim, transitar pelo local era um desafio, como relata Tiago Salazar. A infraestrutura, apesar de luxuosa, não era prática em diversos lugares, o que levava a demoras muito grandes para o deslocamento entre dois lugares, pouca facilidade no acesso a supermercados, por exemplo, e atrasos para voltar ao próprio hotel que os jornalistas estavam hospedados.
Muito antes de pisar no Qatar e transmitir a primeira notícia, Alexandre já viveu seu primeiro desafio ao contrair COVID-19, momento em que a pandemia era ainda uma memória bastante recente. Isso ocorreu na semana de sua viagem e adiou seu sonho por alguns dias, até que ele estivesse liberado para viajar. Entretanto, foi no deslocamento naquele país que o repórter viveu uma de suas melhores histórias. Ao conversar com um motorista, como já havia feito várias vezes, ficou sabendo mais da história do profissional. Assim como muitos outros, ele saiu do seu país natal em busca de uma vida melhor.
“Ele foi dando o depoimento dele, falando das dificuldades, a distância que estava (de casa) também para trabalhar, para juntar um dinheiro para voltar para casa ou para trazer a família”, disse Alexandre, que se comoveu ao perceber certas similaridades. “E aí eu fui conectando com a minha própria história. Estou aqui trabalhando, realizando um sonho de uma certa forma também”.
Mas não foi apenas a geografia que trouxe problemas de adaptação. Adaptar-se à cultura do lugar, enraizada em tradições completamente diferentes das brasileiras, também se provou um desafio. Alexandre e Thiago relembram, por exemplo, as restrições às bebidas alcoólicas, bem como a proibição de manifestações LGBTQIA+. Esse último fator, inclusive, levou a mais uma história da dupla.
Salazar levou ao Qatar uma camiseta com a capa do disco “The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. Nela, um prisma, aparelho usado para separar as cores da luz branca, cria um arco-íris. Alexandre, então, propôs testar se essa camisa seria rechaçada no centro de imprensa do Qatar.
Lá, gravando seu companheiro de cobertura, acabou vivendo uma surpresa: quem teve problemas com a segurança foi ele. Silvestre teve que se explicar e mostrar o que estava gravando desde a porta do local para os funcionários, que foram bastante incisivos no questionamento ao jornalista.
Situações como essa, além de muitos outros bastidores, foram reveladas no dia a dia dos repórteres.
“A aula foi muito proveitosa, foi muito interessante saber e aprender com profissionais, as dificuldades da profissão que ninguém fala”, disse Lucas Hideki, pós-graduando da Cásper. “O Tiago Salazar nos contou sobre a reportagem do lado B da copa do mundo, achei fascinante até onde o jornalismo esportivo pode ir para mostrar um determinado ponto de vista. Já o Alexandre mostrou o quão importante é estar preparado fisicamente e psicologicamente para conseguir realizar a cobertura”, completa Lucas.
Thamy Cavalcante, outra estudante de Jornalismo Esportivo, disse:
“Pudemos ver fotos, vídeos e ouvir relatos valiosos de jornalistas que já realizaram o sonho de praticamente todos os profissionais de jornalismo esportivo, um conhecimento de valor imensurável”.
A estudante acompanha os eventos futebolísticos com admiração:
“Sempre acompanho a Copa do Mundo por diversos meios e canais de comunicação, admirando de longe o trabalho dos profissionais que estão na cobertura desse evento, então, ouvir e estar perto de grandes jornalistas, que realmente viveram essa experiência, foi sensacional”.
Leonardo Wisniewski, também aluno do curso de Jornalismo Esportivo, relata:
“Gostei muito da dinâmica da aula aberta. O entrosamento entre Salazar, Silvestre e Michelle auxiliou e permitiu que a palestra fosse conduzida de maneira leve e descontraída. A interação entre a professora, os convidados e o público foi muito bem conduzida, o que certamente enriqueceu a experiência”.
Os participantes destacaram a atuação da profa. Michelle, que nas perguntas e na mediação da mesa pode simular um debate televisivo e fazer perguntas importantes para o aprendizado na especialização. Para Leonardo Wisniewski,
“Ela conseguiu manter a palestra fluida e interessante, fazendo perguntas pertinentes e instigantes. Com ela, aprendi a importância de uma boa mediação para extrair o melhor dos convidados e manter o público engajado”.
Para Thamy,
“Foi divertido e engrandecedor entender como funciona a relação dos correspondentes com a equipe que fica na sede da empresa. A Michelle é uma profissional excelente, que guia e incentiva outros jornalistas”.
O formato de aula aberta tem sido adotado pela pós-graduação para trazer convidados especiais que são profissionais que têm experiência e abordam conteúdos relevantes na formação dos pós-graduandos.
“A aula aberta foi intrigante e divertida, a dinâmica de um bate papo ao invés de uma palestra deixou a aula mais fluida”, pontua Lucas, que recomendou a experiência: “Com certeza”.
O resultado da aula foi um sentimento de aprendizado sobre como se faz a cobertura de um grande evento esportivo.
“Sinto-me mais entendido sobre uma cobertura de Copa do Mundo. A palestra elucidou muitas dúvidas que eu tinha sobre os bastidores e a logística envolvida nesse tipo de cobertura. Além disso, a aula aumentou ainda mais minha vontade de cobrir uma Copa do Mundo”, disse Leonardo. E completou: “A qualidade dos palestrantes e a organização das aulas proporcionam uma experiência de aprendizado muito valiosa”.
O estudante também ressalta a qualidade dos conteúdos do curso e do corpo docente para o aprendizado.
Thamy concorda com Leonardo e, inclusive, revela:
“Um colega que ainda está no terceiro semestre da graduação de jornalismo já disse que quer ir comigo na próxima [aula aberta]”. E relembra: “Desde que estava na graduação, na minha terra natal, em Fortaleza, sonhava em estudar na Cásper Líbero, sabia que seria uma experiência sem igual e que agregaria bastante ao meu futuro profissional. Neste ano, tive a oportunidade de ingressar na Pós em Jornalismo Esportivo e, em menos de seis meses, já posso afirmar que sou uma jornalista muito mais completa”.
Veja a reportagem sobre a aula aberta na TV Gazeta:
Para Michelle Giannella, mediadora do evento, apresentadora do Gazeta Esportiva e docente do curso de Pós-graduação em Jornalismo Esportivo, a aula aberta foi o fechamento de um ciclo:
“Eu estava muito ansiosa, porque nós fizemos essa aula, a primeira, pré-Copa do Mundo em 2022, com os alunos aqui da Faculdade Cásper Líbero aqui na minha disciplina. E agora é o pós-evento, como foi a cobertura, como eles se prepararam, o que vivenciaram no dia a dia”. E finaliza: “É como se a gente fechasse um ciclo. E com chave de ouro, porque deu tudo certo. Eu gosto muito de dividir essa experiência com os alunos, participantes e convidados. Está sendo um sucesso”.
Este conteúdo faz parte da Newsletter Pós na Cásper, uma iniciativa dos cursos de Pós-Graduação lato sensu da Faculdade Cásper Líbero, que informa e divulga as produções realizadas pelos estudantes que desejam aplicar o conhecimento adquirido em suas atividades profissionais nas organizações, ou querem realizar novos projetos, como transição de carreira ou inovação nas funções que já exercem. Iniciativas e perfis de docentes, além de agenda sobre eventos (como aulas magnas e abertas, mesas-redondas, oficinas, rodas de conversa, entre outros) também são o foco da publicação.
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