A educadora do Museu do Ipiranga Denise Peixoto discute a história da Independência do Brasil com alunos da Faculdade Cásper Líbero. | Foto: Sturm/Commons

Casperianos e casperianas do 3° ano de jornalismo realizaram, em 2017, um projeto vinculado ao acervo do Museu Paulista (ou Museu do Ipiranga). O objetivo era melhorar o conteúdo relacionado ao acervo do museu na Wikipédia — verbetes sobre quadros, pessoas e eventos retratados em quadros, pintores, circunstâncias políticas — e a produção de versões audíveis de quadros.

“Além das Coordenadorias de Cultural Geral e de Jornalismo, esse projeto foi apoiado pela equipe educativa do Museu Paulista e pelo Grupo de Usuários Wikimedia no Brasil. Participaram como docentes a Profa. Me. Filomena Salemme e eu. Até o momento, houve 600 mil visualizações do conteúdo produzido pelos alunos! Esse projeto complementa uma atividade que realizo com o museu para disponibilizar seu acervo em plataformas livres.”. – Prof. Me. João Alexandre Peschanski

Visita ao museu

No contexto do projeto, os alunos foram convidados pelo Prof. Me. João Alexandre Peschanski (que ministra a disciplina de Ciência Política para o curso de Jornalismo da Cásper) a participarem de uma visita educativa ao Parque da Independência, onde está localizado o Museu. Apesar de o edifício-monumento do Museu Paulista estar fechado, a equipe educativa de lá segue ativa, especialmente com atividades de formação.

“Olhares sobre o Museu do Ipiranga” é o nome do passeio, que proporciona aos visitantes a oportunidade de explorar a história do museu como uma forma de entender a história política brasileira. A visita foi guiada por uma das educadoras do museu, Denise Peixoto.

Denise levou os alunos a uma discussão sobre o embate entre o que está representado nas obras do museu e o que consta no imaginário dos visitantes. “As pessoas vêm ao museu com uma série de informações e nós, como educadoras, explicamos o momento de construção do edifício, das telas. Nós pontuamos que tudo possui uma história, uma intenção. Também precisamos explicar como se deram esses processos pois, às vezes, envolvem uma série de informações que não estão aparentes”. Ela também reforça que não podemos olhar para esses tipos de tela e dizer que é uma reconstituição. Os pintores não estavam reconstituindo a cena, como se estivessem assistindo a ela, e sim, estavam trazendo para a tela toda a carga simbólica daquilo que aconteceu, além de colocarem as suas próprias referências.

Participantes da visita educativa “Olhares sobre o Museu do Ipiranga”, em 11 de novembro | Foto: Mike Peel/Commons

O museu foi fechado em agosto de 2013, por medidas de segurança. Denise conta que ele precisava de certas intervenções para reformas e restauros, além de readequações para a acessibilidade. Algumas ações já foram feitas, como escoramentos dos forros e vedações, estudos de especialistas em arquitetura e restauro. A maior parte das coleções (menos a principal tela, por exemplo, “Independência ou Morte” de Pedro Américo) estão deixando o museu e sendo transferidas para imóveis que foram alugados e adaptados para receber o acervo com segurança. O museu também contará com novos espaços de exposição.

Muitas atividades continuam em funcionamento. A biblioteca, o setor de documentação e pesquisa histórica já estão funcionando e são abertos ao público para consultas. O museu também realiza algumas ações educativas, como essa visita e outras programações especiais em eventos e datas comemorativas. A ideia é que Museu Paulista seja reinaugurado para a comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, em 2022.

A visão dos casperianos

Julia Gravalos Benini, atualmente no 4º ano de Jornalismo

“A visita guiada pela Denise Peixoto permitiu que eu entendesse a arte não como a representação de uma subjetividade, mas como um registro de uma das formas de contar a história do Brasil (…). Ainda que seja importante o acesso aos textos sobre os nossos objetos de estudo, considero enriquecedora a experiência de estar no espaço do qual falamos, quando existe essa possibilidade”.

Fidel Forato, atualmente no 4º ano de Jornalismo

“Essa experiência nos permitiu ter contato com uma instituição até então inacessível para mim como visitante. O museu está fechado desde 2013 e minhas lembranças são ainda mais antigas. A visita é muito positiva, ainda mais quando se trata de um projeto maior que é disponibilizar de maneira livre os quadros do Museu do Ipiranga e produzir verbetes para o Wikipédia sobre personalidades importantes para a nossa história, a história do Brasil, relacionadas ao Museu (…). Assim, costumo pensar que estamos ajudando, de alguma forma, a recontar e perpetuar essas histórias, uma coisa muito importante nos nossos tempos (…) o que acontece é uma troca muito positiva de conhecimentos. Acho que atividades como essas são fundamentais para minha formação como jornalista, nem sempre estarei preso a uma redação, mas na rua em busca de matérias”.