No segundo dia da 22ª Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, o Teatro Cásper Líbero foi palco de um debate sobre esse segmento da profissão. O evento foi mediado pelo professor e vice-diretor da faculdade Welington Andrade e contou com a presença de Manuel da Costa Pinto, Heitor Ferraz, João Batista Medeiros e Beth Néspoli. Os convidados têm experiência em diferentes veículos e áreas da cultura, como o teatro, a música e a literatura, fator essencial para produzir um bom panorama sobre o setor.
Depois de se apresentarem e falarem sobre suas trajetórias no jornalismo, cada palestrante problematizou o tema, abrindo a mesa para questões da plateia, formada por alunos e professores da Cásper Líbero, além de discentes de outras faculdades. Foram levantadas questões sobre o conceito de cultura e como ela se apresenta no contexto nacional, internacional e, principalmente, no fazer jornalístico. “Se tivesse uma fórmula para fazer jornalismo cultural, nós não estaríamos aqui discutindo”, começou Beth Néspoli, mostrando que a proposta não era seguir um ritmo de perguntas e respostas, mas sim de debate, ampliando a visão os jovens profissionais em relação ao que, segundo ela, também pode ser chamado de jornalismo artístico.
Uma das principais questões abordadas pelos convidados referiu-se ao pouco espaço que o jornalismo oferece à área de cultura no Brasil. Beth Néspoli justificou o fato explicando que, por não serem essenciais para a sobrevivência humana, a literatura e o teatro, por exemplo, precisam se mostrar importantes para o público. Para ela, é essa a principal função do jornalista cultural. O crítico e colunista literário Manuel da Costa Pinto apontou outro desafio que cabe ao profissional desse segmento: a “criatividade editorial”. Para ele, reportagens culturais são muito raras se comparadas à quantidade de críticas e textos opinativos.
Quando o assunto é cultura, é impossível não mencionar a forma como os europeus produzem e absorvem arte e muito foi falado sobre isso no decorrer da palestra. Ao final do debate, alguns alunos questionaram a europeização da cultura e cobraram que a arte nacional fosse mais discutida. Com isso, os convidados puderam debater as diferenças entre cultura popular brasileira e cultura de massa e como devem ser trabalhadas por jornalistas culturais.
Por fim, os convidados responderam também às questões sobre o preconceito dentro das redações em relação à cobertura cultural. Além de ter pouco espaço no jornalismo e um público leitor bastante restrito, a maior parte dos editores e diretores de grandes veículos impressos costuma vir de áreas mais abrangentes como política ou cotidiano, mas quase nunca de arte ou cultura. Porém, os palestrantes acreditam que há esperança para aqueles que querem seguir abordando temas como música, teatro e cinema. Apesar da abundância de textos de opinião facilmente encontrados na internet e pouco embasados em fatos, João Batista Medeiros defende que é possível sim fazer boas reportagens sobre arte e cultura e que a internet é uma excelente ferramenta para publicá-las.