Ler sobre os conflitos e o cenário do Oriente Médio pode ser desafiador para muitas pessoas, mas produzir um conteúdo voltado a essas questões é ainda mais árduo para aqueles que o fazem. Esse é o caso do professor José Antonio Lima, da pós-graduação em Jornalismo em Plataformas Digitais da Faculdade Cásper Líbero.
O docente tem quase 20 anos de experiência em grandes veículos jornalísticos, como Época e Carta Capital. Fez a cobertura como enviado especial da Primavera Árabe. É graduado em Relações Internacionais pela FAAP, em Jornalismo pelo Mackenzie e é doutor e mestre pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, USP, com pesquisa dedicada ao Oriente Médio. Por conta da sua paixão pelo jornalismo internacional, decidiu criar o site e a newsletter Tarkiz, na qual informa e analisa sobre os países da região.
Tarkiz significa foco em árabe, projeto que o professor quis criar para levar conhecimento e informações sobre um assunto que ele tanto sabe e estudou: a política e as relações internacionais do Oriente Médio. José Antonio concedeu uma entrevista para a Newsletter Pós na Cásper sobre o seu trabalho com a Newsletter Tarkiz, compartilhando sua trajetória.
Poucas pessoas se interessam por jornalismo internacional e poucas pessoas menos ainda se interessam pelo Oriente Médio. Mas eu não acho que isso inviabilize a newsletter como produto, a questão é o desafio de alcançar as pessoas em um país de 200 milhões. Se a gente for pensar, talvez em termos percentuais não seja grande, mas em termos absolutos certamente o grande desafio é justamente conseguir chegar até essas pessoas, né? E aí a gente entra na situação atual do jornalismo, de como o conteúdo é distribuído, a questão dos grandes veículos, as redes sociais. O debate público no Brasil é extremamente precário e vem se precarizando.
Então, acho que essas dificuldades de alcançar o público, de enfrentar um meio que tem uma série de pessoas produzindo conteúdo que não são jornalistas, mas que emulam o jornalismo e que disputam espaço do jornalismo; em que a questão da economia do tempo, as pessoas estão sempre atrasadas, não tem tempo para ler, são esses desafios. Então, na verdade, é tudo, tudo parte da mesma coisa, encontrar o público interessado em meio à essa disputa por espaço.
Para enfrentar isso, a melhor forma é justamente compartilhando o conhecimento com parcimônia, convidando as pessoas a participar e tentando explicar questões básicas que possam justamente fazer com que o debate possa se dar em cima do fato, vamos dizer, compartilhados. Porque o outro desafio do nosso cenário é a questão da desinformação em que numa fase anterior a gente disputava a respeito de interpretações sobre os mesmos fatos e hoje é uma disputa sobre o que são fatos, quais são os fatos (…) Aquela ideia que uma assessora do Trump certa vez cunhou o termo “fatos alternativos”.
Mas ao mesmo tempo as pessoas já têm uma opinião formada porque elas em geral formam essa opinião. Com base no grupo em que elas integram (…) eu pretendo aqui que a newsletter seja um ponto de informação para as pessoas partirem para uma nova fase de debate, um debate um pouco mais profundo e mais informado. Então, nesse aspecto acho que é fundamental de novo ter coragem de enfrentar os assuntos por mais delicados que eles sejam.
Foram dois textos que eu publiquei como teste em maio do ano passado. Eu publiquei mais em junho de 2023, porque dois foram textos básicos. E aí depois eu fui avançando sobre outras questões que apareceram. Futebol na Arábia Saudita, que começou a contratar muitos jogadores. A crise na Rússia que influenciava o Oriente Médio, enfim, o tema é geopolítica. Escrevi também sobre Israel e Palestina antes da guerra começar. Teve um texto sobre o aniversário do 11 de setembro [data em que ocorreram os ataques terroristas nos Estados Unidos] e por aí vai, até a história da guerra.
A disciplina “Storytelling e humanização da notícia” vai justamente focar na ideia de produzir um conteúdo que chame a atenção do leitor nesse mar de conteúdo que existe de boa e de má e média qualidade, que é difícil discernir. Mas a ideia é justamente que os alunos aprendam técnicas para de novo trazer o ser humano, né? É ir ao ponto principal de uma história, de uma reportagem, para que isso crie alguma conexão com leitor e a partir daí o texto seja lido. E a disciplina de infografia, que é parte do mesmo pressuposto, da ideia da economia da informação, de que a gente precisa ajudar o leitor a consumir informação de qualidade num tempo curto. Então as infografias, seja em termos de mapas ou de tabelas ou de gráficos, elas podem também ajudar nessa busca e também nos próprios produtos que esses jornalistas estão produzindo.
Este conteúdo faz parte da Newsletter Pós na Cásper, uma iniciativa dos cursos de Pós-Graduação lato sensu da Faculdade Cásper Líbero, que informa e divulga as produções realizadas pelos estudantes que desejam aplicar o conhecimento adquirido em suas atividades profissionais nas organizações, ou querem realizar novos projetos, como transição de carreira ou inovação nas funções que já exercem. Iniciativas e perfis de docentes, além de agenda sobre eventos (como aulas magnas e abertas, mesas-redondas, oficinas, rodas de conversa, entre outros) também são o foco da publicação.
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