Os casperianos Beatriz Duarte, Guilherme Dogo e Matheus Meirelles se formaram em Jornalismo em 2017, com a entrega de um Trabalho de Conclusão de Curso que foi avaliado com 10 e com louvor. A pauta escolhida para o projeto experimental audiovisual foi a história de jovens que atingem a maioridade dentro de abrigos de adoção e são obrigados a encontrar um novo lugar para morar. Depois de três anos da entrega, o documentário “Hoje Eu Vou Embora” já concorreu a uma importante premiação e está presente no Now, na Sky TV, na Vivo TV e no Looke.

“Foi incrível! A gente fez o TCC e tinha em mente que queríamos que esse assunto fosse divulgado”, conta Beatriz sobre como foi receber a notícia de que o projeto estava disponível em diversas plataformas. Como forma de divulgação, os casperianos inscreveram e foram aprovados para concorrer na categoria de “Melhor Documentário” no V Festival Brasil de Cinema Internacional, realizado no Rio De Janeiro em 2018. Bia ainda explica que, após a exibição do documentário no festival, uma produtora se interessou pelo resultado e se uniu ao grupo, fazendo alguns ajustes no filme para possibilitar a entrada no catálogo das plataformas de streaming.

A ideia da pauta surgiu após Guilherme assistir a uma série documental que tratava sobre adoções:

“Eu estava vendo uma série sobre adoção de uma criança de 13 anos que foi adotada por um casal homoafetivo e disse que não sabia o que faria se não fosse adotado até os 18 anos. Aí eu pensei que seria legal falar sobre essa questão que eu nunca vi sendo muito abordada, sobre o que acontece com esses jovens.”

Beatriz conta que foi um longo tempo até encontrar um tema para o TCC, mas a ideia de falar sobre abrigos “surgiu como se ele (Guilherme) estivesse virando para me perguntar se eu queria tomar um sorvete depois da aula e eu achei incrível.” Quando propuseram a pauta ao Matheus nem imaginavam que ele aceitaria de primeira e que tinha intimidade com o tema por ser adotado.

Sobre o processo de realização do projeto, os casperianos buscaram aprender com o TCC e, por isso, se dedicaram em todos os aspectos, desde o roteiro até a edição final. Matheus comenta que o maior desafio em produzir o documentário não foi conseguir autorização para as gravações dentro dos abrigos, mas o próprio contato com os jovens:

“De início, o maior desafio era conseguir conversar e ter uma relação de respeito e confiança com aqueles jovens, porque eles iam contar a história da vida deles. A primeira vez que a gente foi nos abrigos foi só pra conhecer todo mundo. O primeiro desafio foi quebrar essa barreira de ‘quem são essas pessoas com esses equipamentos que querem falar comigo sobre a minha história’”.

Outro ponto levado em conta pelo grupo foi a busca para que a história contada não fosse algo “extremamente emotiva ou melancólica”, define Bia, mas que mostrasse a realidade da vida daqueles jovens. Para isso, a orientação foi muito importante. Como contam os jornalistas entre risos durante a entrevista, a professora Simonetta Persichetti, além de ser uma referência para auxiliar nas fotografias do filme, foi uma orientadora “muito realista e que sabia exatamente o que falar e quando dar bronca”.

A professora, que se sente muito orgulhosa por ver onde o trabalho chegou, considera que “o momento mais marcante foi ver o projeto finalizado, todas as histórias bem contadas, por todos os ângulos” e que as narrativas são sensíveis.

Na apresentação do TCC, o primeiro retorno que os casperianos tiveram do projeto, houve um momento muito marcante. Isso porque, além da nota 10, a banca formada pela orientadora, pelo professor Julio Cesar Fernandes e pela jornalista Ana Davini, aprovou o trabalho com louvor. Sobre este momento, Simonetta conta: “Todo o TCC é mérito da equipe, dos alunos que foram extremamente profissionais e sérios durante todo o processo. Fiquei muito feliz por eles, em primeiro lugar. A minha sensação foi a de dever cumprido.” A apresentação ainda contou com a presença do juiz Iberê de Castro Dias, referência em pautas sobre adoção, que também ajudou ao grupo durante as gravações.

Da esquerda para direita: Ana Davini, Julio Cesar Fernandes, Guilherme Dogo, Beatriz Duarte, Simonetta Persichetti e Iberê de Castro. Foto de arquivo pessoal.

Hoje, três anos após a entrega do TCC e a formatura, Beatriz, Guilherme e Matheus se sentem realizados com o projeto experimental que se transformou em um documentário disponível em todo o país. Os casperianos comentam que o objetivo que tinham logo no início da produção foi alcançado e que imaginam poder exibir o filme também em abrigos de adoção, para compartilhar a experiência com os jovens.

Quando perguntados sobre os retornos que estão tendo com o documentário, essas foram as respostas:

“Até então (a presença do filme em plataformas de streaming) a gente não tinha recebido tantos feedbacks além da nossa família e o pessoal da faculdade. Depois começamos a receber várias mensagens de que as pessoas tinham assistido e gostado. Foi incrível!” – Guilherme Dogo

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“Algo que foi muito incrível para mim, pessoalmente, também foi receber o retorno das pessoas que estão na área que assistiram e gostaram do resultado. Ouvir pessoas envolvidas com essa questão de adoção, dos jovens que estão em abrigos, foi um retorno muito bacana, muito gratificante.” – Matheus Meirelles

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“Foi muito legal ouvir as pessoas dizerem que nunca tinham pensado nessa questão, do que acontece com quem tem que sair do abrigo. Então acho que a gente conseguiu cumprir o papel que a gente queria, falar de um tema que não é muito falado, que é um problema social muito importante. Então o maior feedback que a gente está recebendo é esse de ‘nossa, que bom ter algo para falar sobre esse assunto’.” – Beatriz Duarte


Sinopse

Moisés Silva completou 18 anos. Apagou as velinhas e viu que estava na hora de partir. Quase 40 mil crianças e adolescentes vivem em casas de acolhimento no Brasil. Se não forem adotados, todos eles devem deixar os abrigos ao atingirem a maioridade. Eles estão preparados para começar uma nova vida? O que espera esses jovens do lado de fora? “Hoje Eu Vou Embora” mostra as dúvidas, as angústias e os planos de cinco adolescentes prestes a cruzar essa barreira.