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Por Isabella Fonte, da equipe de Mídias Digitais da Fundação Cásper Líbero
A edição de 2022 do Young Lions Brazil premiou a dupla composta pela casperiana formada em jornalismo Gabriela Godoy e a também jornalista Heloísa Mira Cardoso (graduada pela Universidade Metodista de São Paulo) na categoria PR (Criatividade em Relações Públicas), que passou a integrar o Young Lions neste ano. Na competição, a dupla teve 24 horas para responder a um desafio conectado a uma ONG.

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Uma iniciativa do Festival de Criatividade de Cannes, representado no Brasil pelo Estadão, o Young Lions tem como objetivo prestigiar os jovens talentos da comunicação e contribuir para que esses profissionais se destaquem globalmente. No Brasil, o programa foi lançado em 1995 e já selecionou 461 jovens talentos criativos brasileiros.

Confira a entrevista que realizamos com Gabriela Godoy para saber mais sobre a sua participação no Young Lions Brazil:

Gabriela Godoy

Como foi o processo de desenvolvimento do projeto?

Gabriela – Para a categoria PR, nosso desafio estava vinculado à ONG Vamos Falar Sobre o Luto, plataforma digital de informação, inspiração e conforto para pessoas em luto. Tínhamos que propor uma solução, do ponto de vista de PR, para impactar mais homens – uma vez que o público da ONG ainda é 90% feminino.

Para criar nosso trabalho, partimos do insight de que historicamente os homens são educados e moldados para serem exemplos de racionalidade, força e virilidade. Falar, compreender e ressignificar suas emoções e sentimentos é um tabu até hoje, independentemente de faixa etária, classe social e orientação sexual. Isso porque o medo da vergonha e do julgamento, em especial dentro de seus círculos sociais, confere ao homem um peso complementar ao luto por si só: sofrer sozinho.

Portanto, se o luto, além de um espaço de dor, é também um potencial momento de vergonha e julgamento, é preciso criar um ambiente de acolhimento, chancelado por “homens-referência”, em que os enlutados se sintam seguros e certos de que sua dor será compreendida de forma ampla, além da perda de uma pessoa amada.

Assim, nasceu a ideia do nosso PR Stunt: “Não Aprendi Dizer Adeus”, cabines de acolhimento em formato de confessionário instaladas em diversos pontos das principais capitais do Brasil, em que os homens poderiam conversar (anonimamente ou não) com um voluntário da ONG sobre suas dores.

Para lançar e amplificar a campanha, também propusemos um time de influenciadores formado por Leonardo, Herbert Vianna, Emicida, Thales Bretas e Jackson Follman; todos homens-referência em suas áreas e que passaram por perdas em suas vidas.

“Uma vez definida a estratégia central de PR, desenhamos um cronograma de divulgação para imprensa e redes sociais, resultados esperados e possíveis parceiros, porque entendemos que esse é um projeto caro para uma ONG, mas com enorme potencial para algumas marcas capazes de torná-lo viável.”

*A simulação de conteúdos e sugestão de nomes é inteiramente pensada para o exercício de criatividade e não pode ser lida como uma autorização dos nomes e empresas mencionados”.

Quais foram os maiores desafios encontrados durante a realização do projeto?

Gabriela – Nós recebemos o briefing às 8h e, às 9h, já tínhamos insight e PR Stunt definidos. Então, para nós, o maior desafio foi traduzir tudo o que havíamos pensado de forma visual e atrativa para o júri, uma vez que nossa expertise não é o design. [Nós] nos debruçamos por horas no desenvolvimento de mockups e da identidade visual da apresentação, trazendo exemplos de tudo o que mencionávamos na apresentação.

Qual é o significado de ser a primeira dupla vencedora da categoria de PR do Young Lions?

Gabriela – Honestamente, ainda não sabemos mensurar a magnitude dessa conquista. Cannes Lions é o maior e mais importante festival de criatividade do mundo, e sermos as primeiras a vencer a categoria no Brasil é uma honra imensa, além de um marco na história do festival. Nós, para sempre, seremos as primeiras vencedoras do Young Lions Brazil categoria PR. [A conquista] nos deixa muito feliz também em poder levar o talento feminino para um espaço como esse, em um mercado ainda tão masculino quanto o nosso. Espero que a gente tenha aberto uma porta para outras mulheres, jovens talentos e para o PR brasileiro, que se reinventa diariamente diante de tantos desafios do mercado.


 

Os vencedores da etapa brasileira foram selecionados para disputar em âmbito internacional o Grand Prix de suas respectivas categorias no Festival Cannes Lions. O briefing e a resolução do case aconteceram remotamente, assim como o Young Lions. Desta vez, 28 países competiram por um desafio ligado a uma campanha antirracismo da Unesco, incluindo Gabriela e Heloísa, mas, nesta etapa, a dupla não foi a ganhadora do prêmio.

Sobre a ida para o festival, que aconteceu em Cannes, na França, entre os dias 20 e 24 de junho, Gabriela explica que infelizmente a organização não conseguiu patrocínio para a categoria. As jornalistas tentaram buscar parceiros que apoiassem a viagem, mas participaram à distância da premiação global promovida pelo Cannes Lions.

Apesar de algumas críticas em relação à organização do festival, Gabriela afirma que o Young Lions Brazil é uma grande oportunidade de expor o seu talento para importantes nomes do mercado, pois o júri é composto por profissionais de agências e empresas renomadas.

“Acho também que o festival é uma ótima oportunidade para treinarmos nossos skills em situações adversas, seja pelo curto tempo de resolução do briefing ou por ter 5 minutos para apresentar, em inglês, seu projeto para o júri (no caso da etapa internacional). O dia a dia do PR e da comunicação corporativa é intenso, dinâmico e precisamos saber resolver problemas de forma ágil e assertiva.”

Parabéns à dupla vencedora no Young Lions Brazil!