No sábado, dia 26 de julho, a Cásper Líbero promoveu o 10º Seminário Teorias da Comunicação: Memes, Política e Cultura. Professores do mestrado da Cásper, os doutores Luis Mauro Sá Martino e Rafael Grohmann receberam alguns dos maiores nomes da pesquisa de memes no Brasil.
O coordenador do #MUSEUdosMEMES, prof. Dr. Viktor Chagas, da UFF, a profa. Dra. Mônica Rebecca Ferrari Nunes, da ESPM, pesquisadora de comunicação, consumo e memória, e autora do livro “A Memória na Mídia: a evolução dos memes de afeto” e a profa. Dra. Adriana Amaral, da UNISINOS, pesquisadora de cultura digital, cultura pop e estudos de fãs falaram para um auditório cheio no Teatro da Cásper Líbero.
Falar em pesquisa de cultura pop no Brasil e não falar em Adriana Amaral é esquecer uma referência bibliográfica básica em qualquer fala. Em 1998, quando a academia ainda não entendia muito bem a pesquisa pop, Adriana apresentou o TCC na PUCRS em que pesquisou rock e posmodernidade. Emendou um mestrado pioneiro em que analisou os laços dos fãs gaúchos com a banda U2, em 2002. Em 2005 o doutorado sobre cultura cyberpunk virou livro pela editora Sulina. E Adriana virou diva gótica da academia. No pós-doutorado pesquisou o envelhecimento das culturas juvenis.
Acompanhar as redes sociais de Adriana é um deleite. Ela comemora o “dia da toalha”, da “cultura gótica” e exibe seus gatos pretos na mesma frequência em que fala de pesquisa, congressos e bullying acadêmico. Aliás, esse foi um dos temas trazidos à tona no seminário. Adriana abordou como a academia privilegia alguns temas que considera importantes em detrimento de outros, “secundários”. Adriana ajudou a impulsionar no Brasil as pesquisas que até então não tinham o espaço de um debate direcionado, por exemplo, às ciências duras.
Hoje Adriana enfrenta o desafio de centrar as relações entre mediações sócio-técnicas e fenômenos contemporâneos e supostamente efêmeros do cotidiano da cultura digital. “Tento colocar micro e marco em perspectiva para a compreensão epistemológica de algumas práticas coletivas que se dão na mediação humano-máquina e suas relações com a cultura pop”.
Adriana chamou a atenção para o conceito de Jenkins de Aca-fans e o que ela denomina Aca-haters. Os que amam e odeiam suas pesquisas. Para a doutora em Comunicação, você precisa ter um envolvimento no mínimo “participante” em sua pesquisa. “Odiar o tema, ou seja, ser um Luker (interagir o mínimo) é complicado. Não vejo como a pesquisa evoluir”, disse. Mas Adriana destaca a problemática de ser fã de um autor.
“Você precisa questionar tudo e todos. O que eu acho mais legal é quando vejo um trabalho aprofundado sobre poucos autores e não a moda de citar toda a bibliografia existente sobre um tema e não aprofundar nenhum”, ela afirma.
Por fim, Amaral questionou o “complexo miçangueiro” do “pessoal das Humanas” que refuta de toda a forma a pesquisa quantitativa. “De forma alguma devemos jogar somente números na pesquisa. O debate teórico é insubstituível, mas não podemos ignorar o auxílio que as pesquisas quantitativas prestam a nós. Precisamos tomar cuidado com o excesso de ênfase em um só aspecto”, conclui. O seminário continuou durante toda a tarde debatendo Memes e Questões Identitárias, Memes, Comunicação e Relações de Poder e Comunicação, Mídias e Gênero.