Por Ana Luiza Sanfilippo
Muito além de entendermos o que está acontecendo no mundo, como guerras, debates políticos, bolsa de valores entre outros assuntos que abalam a mídia, é de extrema importância estarmos cientes do que está acontecendo ao nosso redor.
O jornalismo hiperlocal tem como função informar a população sobre o que está acontecendo na região, seja na rua, no bairro ou nas cidades. Essa vertente jornalística entende que os moradores e cidadãos têm muito a oferecer no boletim noticiário e os vê como parte da sociedade organizada.
Cido Coelho, professor da pós-graduação da Cásper Líbero, jornalista e mestre em comunicações, nos dá um resumo de como surgiu o jornalismo hiperlocal:
“O uso do termo hiperlocal teve origem em 1991, há 33 anos, em referência ao conteúdo noticioso da televisão local, o canal 7 WJLA, de Washington, em uma reportagem feita por Paul Ferhi no jornal The Washington Post, que tinha uma proposta de ser uma CNN local.”
Complementa dizendo que, no jornalismo hiperlocal, temos o recorte da cobertura na área onde vivem as pessoas, no bairro, na comunidade, numa pequena área onde o cidadão tem necessidades informacionais e pode até mesmo contribuir com o jornalista para levar a mensagem adiante ao público que vive naquela área.
Todos os dias no jornal que passa pela manhã, somos apresentados a diversos exemplos de jornalismo hiperlocal. Uma obra na Avenida Santo Amaro, focos de dengue na região norte de São Paulo, uma rua esburacada, um evento comunitário… tudo isso é jornalismo hiperlocal.
Esses exemplos podem se manifestar de diversas formas, como pequenas reportagens, hard news, “povo fala” entre outros. Resumidamente, o jornalismo hiperlocal dá voz aos interesses mais próximos da população, como mostra o vídeo:
Com o jornalismo hiperlocal, a comunidade tem dois principais benefícios: o primeiro é que a voz das pessoas que moram em determinada região estará sendo ouvida pelos veículos de imprensa. O segundo, é que isso incentiva a população a buscar a imprensa para denunciar determinados problemas ou contar histórias.
Além disso, é muito importante que o povo esteja ciente do que acontece em sua região. O professor Cido comenta:
“A população conhece mais o local que vive, as pessoas em si, o comércio, os serviços públicos disponíveis. Conhece melhor a sua região. Afinal, é importante conhecer o local que habita, conhecer o seu entorno e fazer usufruto dos benefícios e lutar por melhorias da região que se vive. O jornalismo hiperlocal ajuda o cidadão a se conectar com o local onde mora e vive com seus iguais.”
O jornalismo hiperlocal tem alguns desafios. Segundo Cido Coelho, fazer bom jornalismo tem custo financeiro, de infraestrutura e também de proximidade com o público. Ou seja, é importante uma quantidade de recursos para financiar um jornalista profissional dedicado a cobrir os assuntos de interesse da região hiperlocal.
O contato com a comunidade é o motor do jornalismo hiperlocal. Logo, o jornalista deve buscar as vozes da população e a incluir no tema com destaque. Precisa também conhecer as pessoas que moram na região, saber dos interesses do público, as necessidades e demandas. Com isso, surge uma proximidade entre o entrevistado e o entrevistador e uma relação de confiança, como diz o mestre em comunicação:
“Então, aqui, há uma troca, a comunidade contribui com o jornalismo hiperlocal e o jornalista ajuda a reverberar essas informações para a comunidade da melhor forma possível. Não deixando a comunidade em uma sombra sem informação.”
O jornalismo hiperlocal é essencial, principalmente para as regiões de uma cidade. É a forma que a população tem de saber mais informações sobre assuntos que alteram em peso no seu dia a dia. Ajuda a reduzir os desertos de informações pelo país e traz os fatos importantes para as vidas das pessoas, e o que realmente importa para elas, reforça o professor:
“Digo que da mesma forma é importante ter um correspondente em Londres trazendo informações do velho continente que impactam a vida do Brasil e do brasileiro, temos que ter um correspondente em Heliópolis ou na Rocinha para trazer luz aos acontecimentos da vida nestes locais e seus impactos como um todo na vida geral.”
A Faculdade Cásper Líbero oferece pós-graduação em Jornalismo em Plataformas Digitais, que busca formar profissionais para atuação no jornalismo digital, com conhecimento aprofundado e saberes práticos sobre o exercício profissional nas redações em que as plataformas digitais são preponderantes na produção e circulação de conteúdos jornalísticos. Acesse o site e inscreva-se.