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Nunca antes a morte do jornalismo foi noticiada com tamanha euforia. Certamente o advento da popularização do uso das redes sociais, que tomam cada vez mais o tempo do leitor, e a gratuidade com que as informações são acessadas na internet torna a sobrevivência das mídias tradicionais cada vez mais difícil.
Em lista publicada dia no dia7 de setembro de 2013 a revista digital Salon classificou as piores profissões do mundo. Qual não é a surpresa de encontrar ali listada entre técnico de emergência da usina nuclear de Fukushima e cheff pessoal do ditador Kim Jong Il o cargo de jornalista de meios tradicionais. A justificativa, segundo o próprio artigo, é que nessa carreira nunca antes foi necessário lidar com um nível tão alto de stress e uma tão diminuta oferta de emprego.
Enquanto alguns pintam retratos apocalípticos para o jornalismo, Sérgio Dávila em conferência realizada no auditório da Instituição Cásper Líbero não se incomodou em nomear-se “evangelista do jornalismo”. Incomodou-se muito menos em afirmar exaustivamente que “o jornalismo não está em cheque”. Colocando-se no papel insulso de Antônio Conselheiro da área de comunicação, o editor executivo da Folha de S.Paulo promoveu pontos de vista incrivelmente conservadores: como uma rigidez no que consta a direitos autorais, não expos nenhum ponto de vista extraordinário nem nenhum plano revolucionário só reforçou monetarismos tradicionais, vilanizou e criticou energicamente todas as novas iniciativas como a mídia NINJA (narrativas independentes de jornalismo e ação) e outras. Sérgio Dávila certamente está mais para um déspota esclarecido, incentivador do uso das novas tendências na manutenção dos velhos modelos midiáticos, do que para um líder de uma comunidade revolucionária.
Com a justaposição desses dois retratos, o apocalíptico e o estagnado, é formada uma nova pintura: o do jornalista como Prometeu acorrentado.
O comunicador popularizou a chama da informação, chama essa capaz de aferventar a ordem estabelecida e transformar a realidade, com a popularização da internet e das redes sociais todos passaram a ser capazes de produzir a sua própria chama, seu próprio informativo, com um custo baixíssimo. Já o profissional de comunicação, diferentemente do profissional de outras áreas que mantêm um informativo na web apenas com o fim de realização pessoal, encontra-se acorrentado com a necessidade de ganho financeiro com essas informações, e todos os dias tem o fígado dilacerado pela águia que simboliza a liberdade com que a informação flui sem a necessidade de sua mediação.
Diante dessa situação desconfortável na qual se encontra, o jornalista moderno pode agir de duas maneiras. Uma delas seria praguejar contra a águia e tentar desesperadamente recuperar o controle do fogo na esperança que as correntes não o constrinjam de forma a impossibilitar seu movimento, escolha feita por Sérgio Dávila e pela maioria dos representantes da mídia tradicional, ou lutar contra o constringir das correntes procurando ressignificar a relação monetária com o comércio de informações, buscando dialogar com a águia, escolha feita pela mídia Ninja e diversas fanzines.
Agora, melhor que nunca, seria o momento para discutir o valor da informação. Nessa sociedade em que o significado de valor confunde-se cada vez mais com o significado de preço, e o preço é usado para manter o status. Não… o jornalismo não morreu, ele, assim como nossa sociedade, só está renascendo, está desejando mais valor e menos preço.