Anunciar a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris não foi a primeira polêmica em que o 45º presidente estadunidense, Donald Trump, esteve envolvido desde que assumiu o seu mandato no início deste ano. No entanto, essa decisão tem servido de munição para os seus opositores dentro e fora do país.
Enquanto a Conferência do Clima abria as portas para a sua 23ª edição, realizada em Bonn, na Alemanha, Trump viajava por países asiáticos amigos dos EUA. Isso fez subir ainda mais a ansiedade e as dúvidas nos setores políticos e sociais, que questionam quais as possíveis consequências para o vácuo no Acordo, decorrente da ausência dos EUA quando o processo for finalizado.
Em evento que durou duas horas, realizado no espaço separado e reservado para um movimento anti-retirada, o ex-governador da cidade de Nova York, Michael Bloomberg, e o prefeito de Carmel, James Brainard, abriram o espaço ao público. Brainard explicou à reportagem qual o papel dos governos regionais no cumprimento do Acordo de Paris. “É importante lembrar que nos EUA o governo é dividido[…] a instância federal só tem autoridade em alguns assuntos. Muitas decisões, se não mais que as do governo federal, são tomadas pelos governos locais e permanecem nessas localidades, então ainda podemos tomar decisões que reduzam as emissões de carbono sem o envolvimento do governo federal”, disse.
O que nasceu como America’s Pledge integra hoje um grupo maior e mais extenso chamado We Are Still In (Nós Ainda Estamos Dentro, na tradução livre), um movimento que representa mais de 127 milhões de estadunidenses e responde por cerca de 6,2 trilhões de dólares, de acordo com Brainard. A rede formada pela We are Still In conta com mais de 2.500 líderes locais, espalhados pelos 50 estados, e apoio de organizações com e sem fins lucrativos, empresas, universidades e indivíduos.
Há quase 20 anos como prefeito da cidade eleita pela CNN Money a melhor para se viver nos EUA, Brainard integra a cúpula da rede, ao lado de Bloomberg. Já em seu sexto mandato consecutivo, ele viu a cidade crescer exponencialmente. Hoje, parte dos recursos locais tem um destino certo, garantir os compromissos firmados na COP21 pelo ex-presidente Barack Obama, em 2015, quando o Acordo de Paris foi aprovado.
“Eu acredito que a maior parte dos cidadãos americanos já manifestou sua oposição à saída do Acordo de Paris. […] Muitos políticos republicanos preferiam outro candidato ao Trump. Essa decisão precisa ser revertida, e eu adianto: ela será”, concluiu.