A professora Eloisa Benvenutti de Andrade, que dá aulas de filosofia para os alunos do primeiro ano do curso de Publicidade e Propaganda da Faculdade Cásper Líbero, lançou o livro “Corpo e Consciência – Merleau-Ponty, crítico de Descartes”, publicado pela Editora Fi. A obra é uma análise do estatuto da consciência e do corpo, a partir do pensamento de Maurice Merleau-Ponty, que critica e problematiza as concepções de Descartes sobre o tema. O livro, que foi a dissertação de mestrado da professora, pode ser encomendado na versão impressa ou acessado na versão digital, que é gratuita. Faça o download clicando aqui!

 

Foto: Mariana Cavalcanti

Saiba mais sobre a autora e veja a descrição da obra:

Eloisa Benvenutti de Andrade, natural de São Paulo, é Bacharel, Licenciada e Mestra em Filosofia pela Unesp, na área de Filosofia da Mente, Epistemologia e Lógica. Doutorou-se em Filosofia pela Unifesp, na área de História da Filosofia, com a tese “Corpo, Sensível e Natureza na última ontologia de Merleau-Ponty”. Além de dedicar-se à análise da obra de Maurice Merleau-Ponty, a autora é professora de Filosofia no ensino superior e docente concursada na rede pública estadual de educação de São Paulo. Sua produção científica e cultural inclui textos e palestras sobre fenomenologia, ética animal e informacional, política e feminismo.

 

Perguntamos para a professora sobre a sensação de publicar a dissertação:

“É especialmente gratificante, pois o mundo do conhecimento científico e da filosofia é alicerçado na ideologia patriarcal. Quase sempre, a figura da mulher é tida como incapaz de filosofar, e em última instância, de pensar racionalmente. Habitualmente o pensamento racional aparece na história da filosofia como exclusivamente masculino, e é necessário hoje admitir que a perspectiva sobre o feminino foi escamoteada ao longo da tradição filosófica. Existe um movimento muito grande atualmente neste sentido. Enquanto mulher, filósofa, professora e pesquisadora, a publicação desta dissertação é um folego a mais para a continuidade tanto dos meus estudos em filosofia como para essa “reparação” acerca da presença da mulher na ciência e na filosofia.”

 

E ela deixou também algumas dicas para quem quer começar no mundo das pesquisas acadêmicas:

“Acredito que seja importante que a pessoa tenha uma relação afetiva com seu objeto de pesquisa, ou como dizemos em filosofia, com o seu “problema”, desde que isso, obviamente, não o afaste do rigor necessário para a investigação. É importante que o tema escolhido mobilize o pesquisador para que ele enfrente a rotina de estudos necessária. Em primeiro lugar, feita a escolhe do problema, deve-se definir a hipótese, o objetivo, a justificativa e a metodologia, e para isso, é necessário atentar se existe bibliografia adequada e disponível para fundamentar e embasar a discussão que se quer enfrentar. Boas referências bibliográficas e a imersão numa comunidade científica, por meio de grupos de estudos e participação em congressos, são imprescindíveis para que a pesquisa seja promissora. O pesquisador deve sempre se cercar de bons livros e bons interlocutores.”  

 

O objetivo do presente livro é analisar o estatuto da consciência e do corpo no pensamento de Maurice Merleau-Ponty, tomando como fio condutor a sua interpretação do pensamento de Descartes.  Em especial, entendemos que um estudo das teses merleau-pontianas, que criticam e problematizam as concepções de consciência alicerçadas sobre a ontologia dualista de Descartes, pode contribuir para a formulação de uma nova abordagem da mente que não reproduza os mesmos problemas desta ontologia, mais especificamente aqueles relacionados à interação causal mente/corpo. Desta forma, a intenção  é  mostrar  como  Merleau-Ponty constrói a leitura sobre o dualismo supracitado em sua obra, e como pretende objetar tal fundamento. Para tal, deter-nos-emos principalmente nas referências a Descartes presentes na Fenomenologia da percepção e também no apresentado em A estrutura do comportamento propondo, nesta medida, subsídios para uma possível leitura de O visível e o invisível.