INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O PROCESSO SELETIVO 2024.2 Fechar

Trabalhar em uma redação de moda faz muitas pessoas questionarem minha formação (e a de outros redatores). Não basta saber falar sobre o mundo fashion e citar quais estampas combinam entre si, e mencionar a nova coleção de gala da Dior e os novos sapatos da Prada. Ninguém acorda em um belo dia e resolve escrever para uma grande magazine apenas porque acredita se comunicar bem e dominar minimamente o assunto. É preciso profissionalismo, técnica e muitos anos de estudo.
Enquanto eu fazia minha graduação na Faculdade Cásper Líbero vi uma palestra do Sérgio Dávila (editor-executivo da Folha de S. Paulo na época). Era a Aula Magna do curso, e ele apresentava otimismo com a profissão de jornalista. Em meio a grandes novidades tecnológicas, como garantir a qualidade das informações quando centenas de sites e aplicativos praticamente renovam suas manchetes de cinco em cinco minutos? A resposta dele foi simples: qualidade. Precisa-se de profissionais qualificados para dar a notícia, saber tratá-la e adequá-la ao público-alvo. Essas habilidades eram necessárias em 1950, naquele ano de 2014 e continuam sendo hoje. As pessoas precisam e merecem ler, ouvir e ver matérias meticulosamente bem-feitas.
Assistir a um desfile de Reinaldo Lourenço e opinar sobre suas criações é apenas a “cereja do bolo” da reportagem. É preciso fazer uma pesquisa detalhada sobre as influências da nova coleção, comparar o estilo apresentado contra os dos anos anteriores e exibir os tecidos e modelos expostos para que os leitores se sintam parte dos convidados e compreendam a história por detrás da aparente simples exibição de roupas e acessórios conceitos.
Além disso, como disse Dávila naquela ocasião, “o profissional de jornalismo possui uma função social”. Nós iremos falar sobre fatos e teremos opiniões que não interessam ao leitor, também. Diferente do que acontece na maioria das redes e mídias sociais presentes no mundo virtual, em que as pessoas filtram as informações que lhes interessam, nas grandes publicações nós precisamos e devemos transmitir a universalidade. Falaremos sobre a nova coleção das lojas populares assim como anunciaremos os mais recentes e luxuosos sapatos daquela grife que não sai dos pés das famosas, com o mesmo destaque, trabalho de averiguação e número de páginas. Não é nossa função dizer ao leitor o que ele deve acreditar ser importante e o que deve descartar, isso é torna-lo menos it e mais over.
Por isso nossa redação é como todas as outras, apenas um pouco mais “grifada”. Todos os dias tem algo para se fazer. Há a reunião de pauta, as pesquisas, a cobertura de eventos, a feição das matérias e dos ensaios, a diagramação e a correria para fechar a edição. E todos os meses a história se repete. A moda merece o luxo de ter excelentes profissionais ao seu dispor.
Por fim, relembro Sérgio Dávila e sua icônica frase final naquela palestra: “O segredo do bom jornalista é se distanciar o suficiente para escrever bem de maneira racional, mas não muito para que não se torne apático e frio. O grande segredo é a informação de qualidade e de veracidade.”