O que é particular, insubstituível, de uma aula presencial? E o que pode ser repensado? Para Rodrigo Ratier, professor da Cásper Líbero e doutor em Educação pela USP, essas serão duas das muitas reflexões legadas à educação no mundo pós-pandemia. Levantar questões e fomentar um diálogo aberto acerca do tema foi a tônica de sua participação na conversa com Michelle Prazeres, coordenadora do Centro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP), na live desta quarta-feira (13).
Ambos jornalistas e educadores, Michelle e Rodrigo apontam que, assim como os setores da economia e da saúde, a educação vive hoje um momento conflituoso e repleto de incertezas, sobretudo na relação escola-família. Com muitos pais e filhos confinados em casa, e com contato de educadores restrito à mediação das telas, há uma confusão sobre a quem cabe o papel do quê. “Eu gosto da perspectiva de que todo mundo educa, de enxergar a educação de uma forma mais ampla”, disse Rodrigo. Mas isso não significa desvalorizar o papel do educador, muito pelo contrário, acrescenta.
Quando pais e mães têm a oportunidade prática de ver que educar não é algo intuitivo, e que existe uma formação e habilidades tipicamente profissionais por trás do trabalho de um professor, isso pode ser saudável a longo prazo, explica Rodrigo. Essa inversão de papéis pode favorecer à valorização do ofício de educar como um trabalho essencial e que não se restringe à simples entrega de um diploma. “É um processo que nos conecta a sociedade e nos permite modificá-la.”
Michelle e Rodrigo Ratier em live realizada no Instagram de Esquinas
Blogueiro no UOL Ecoa, seção do portal destinada a pessoas, empresas e organizações com iniciativas transformadoras, diante de uma perspectiva desanimadora de mundo, com os efeitos da pandemia que perdurarão, ele acredita na busca de cada pessoa por um sentido particular. Por isso propôs uma cobertura especial da Covid-19 em Esquinas, a revista laboratorial da Cásper, em que é editor-chefe. O projeto já conta com mais de 50 matérias publicadas, algumas inclusive republicadas em grandes veículos, e foi abarcada por mais de 70 alunos-voluntários.
Embora a iniciativa esteja tendo uma produção profícua e angariando milhares de visitas ao site de Esquinas nas últimas semanas, o professor descarta que esta seja uma ocasião para estimular produtividade dos estudantes. É, sim, um momento de tolerância e de entendimento. Na contramão do slogan do Enem (que teve suas inscrições abertas em 11 de maio e sobre o qual o não adiamento foi pauta de três posts em seu blog no UOL), de que a vida não pode parar, Rodrigo é enfático: “A vida tem que parar, e é a educação que nos diz isso”. Ele finaliza, parafraseando o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, que ela “não pode tudo, mas pode alguma coisa”, e vai além, “Juntos a gente pode mais”.
Até 1º de Junho, sempre às segundas e quartas-feiras, às 18 horas, a Faculdade Cásper Líbero realiza conversas ao vivo sobre “O futuro da comunicação pós-pandemia” no Instagram da Revista Esquinas. A iniciativa é uma parceria do CIP com o Núcleo Editorial da Cásper Líbero para a produção de lives com professores da Faculdade sobre temas relevantes relacionados às suas áreas de atuação, buscando compreender o cenário da comunicação diante dos desafios apresentados pela pandemia de Covid-19. O próximo convidado será Márcio Rodrigo, que falará sobre “Mercado de Audiovisual e políticas para o setor”. O encontro está marcado para segunda-feira, 18 de maio.